terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Tinderelas #2

O primeiro episódio do Tinderelas acaba com um “Queria aprender a estar sozinha, a ser feliz comigo mesma, conhecer coisas novas, pessoas novas, baixar todo o tipo de conceitos pré-concebidos. Um “reboot” à minha vida”
Foi o início de toda uma aprendizagem sobre mim e sobre pessoas. Baixei uma “app”, daquelas para “conhecer amigos”. Não sei precisar quem é que me deu a ideia, mas foi a melhor coisa que fiz e estou grata por isso. Demorei um bocadinho a ter coragem para o fazer, afinal tinha 37 anos, mãe divorciada, sem muito tempo e pouco sabia do que se tratava. Claro que o mistério desfez-se ao primeiro ‘swipe’ e ao primeiro ‘match’... Sabem quando está a chover e de repente faz-se luz… Quando observamos com verdadeiro olhar e “ahhhh, afinal era isto”? Tudo isto coincidiu com a minha iniciação nos trails, ou seja, se no terreno comecei a perceber que era livre e que podia derrotar os meus medinhos,  na vida também seria assim. Ao primeiro ‘click' fiquei na dúvida, “Será que ele se enganou? Não pode, é todo giraço…”, mas era sim. E um dia depois dum trail, lá estava eu, nervosinha, mas com vontade de conhecer. Naquele primeiro encontro, percebi que até ali não me via como mulher, não percebia o impacto da minha presença, não percebia que eu podia seduzir e ser seduzida. Tinha tido alguns relacionamentos, mas eram relacionamentos.
Foi a primeira vez que saí da linha, que saí da zona de conforto e fui, não pensei, apenas agi. Fui e não me arrependi, fui na hora do almoço e retornei para continuar a trabalhar. Ali naquele jogo tens que ter o discernimento e o distanciamento necessário para depois não teres mais contacto, o que para mim foi fácil, porque não estava “virada para relacionamentos”. Foi aqui que me surpreendi, porque apesar de dizerem o contrário, ainda se pensa ou se sente na nossa sociedade que não é suposto as mulheres comportarem-se como os homens, pensarem como os homens, sexualmente falando, e estes últimos também não estão preparados para esta abordagem. No geral pensa-se que só os homens podem falar abertamente sobre sexo, pensa-se que só os homens podem procurar sexo pelo sexo, e por último que há mulheres para casar e mulheres para sexo… Que parvoíce, mais ainda com esta ideia que vem das próprias mulheres.
Este tipo de “apps” são uma fonte de estudo comportamental, no geral, mas no sector masculino é deveras interessante, eis alguns exemplos de conversas, quase sempre iguais em que só mudava o nome do respetivo:
#1
Ele: Então que fazes por aqui?
Eu: O mesmo que tu.
Ele: Então, mas uma cara tão bonita não tem namorado?
 Eu: Se tivesse não estaria aqui, certo?
(Continua a não estar satisfeito.)
Ele: Tens a certeza de que não tens namorado?
Eu: Bom, é assim tão importante se tenho ou não namorado? Não faço ménages!
Ele: Ahahaha calma só estava a perguntar.

#2
Ele: Então que fazes por aqui?
Eu: O mesmo que tu.
Ele: És tão bonita, podes passar-me umas fotos nua para eu te ver melhor?
Eu: (Carregar no botão bloquear.)

#3
Ele: Então que fazes por aqui?
Eu: O mesmo que tu.
E depois de umas conversas, percebe que gosto de correr e marca um café...Sabem para que era? Era um PT, o tempo em que tive um PT, em que era só o meu PT e nada mais...

#4
Ele: Então que fazes por aqui?
Eu: O mesmo que tu.
E depois de umas conversas marcas um café, ele vai e começa a divagar sobre um barracão no meio do nada… Foi beber o café e logo depois bloquear o dito. Estão a ver o meu ar a pensar em barracões no meio do nada, os meus alertas todas activaram-se...

Conheci pessoas interessantes, pessoas de fugir, pessoas estranhas, pessoas que só queria conversar e como já referi, conheci um Personal Trainer, que para vos deixar com água na boca apenas no próximo post vos contarei a minha aventura. Foram alguns meses de relacionamento estritamente profissional, altamente exigente em que quase atingi o patamar fit que queria, mas também ia dando em louca com tanta exigência por parte do meu PT.


 


CHARLI XCX - Boys Lyrics 🔉
"I was busy thinkin' 'bout boys, boys, boys
Always busy dreamin' 'bout boys, boys, boys
Head is spinnin' thinkin' 'bout boys

I need that bad boy to do me right on a Friday
And I need that good one to wake me up on a Sunday
That one from work can come over on Monday night
I want 'em all, I want 'em all
And when they finally leave me, I'm all alone but
I'm lookin' down and my girls are blowin' my phone up
Them twenty questions, they askin' me where I'm at
Didn't hit 'em back

I'm sorry that I missed your party
I wish I had a better excuse like
I had to trash the hotel lobby

But I was busy thinkin' 'bout boys, boys, boys
Always busy dreamin' 'bout boys, boys, boys
Head is spinnin' thinkin' 'bout boys...."


I

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Tinderelas #1

Este mês faz três anos, que depois de dois relacionamentos falhados após o divórcio, resolvi tomar as rédeas da minha vida. Dos dois relacionamentos, um já vos falei, o que se casou com a ex e um ano depois o outro que de tão intenso que foi, eu não conseguia respirar. Por outras palavras, o que começou com um namorico e um “logo se vê”, um mês depois já era amo-te, três meses depois já eram grandes dramas de “tu não me ligas nenhuma e as tuas prioridades são todas menos eu”, que tinham alguma razão de ser, confesso… Eu, perante uma pessoa amorosa, intensa e extremamente apaixonada, deixei-me levar durante um ano. Na minha cabeça pensava, “eu nunca vou ter uma pessoa que gosta tanto de mim como ele…”, mas quando não dá, não dá. Não podes ficar com uma pessoa só porque ela ama-te muito e tu apenas gostas. Também pensava no facto de eu ter uma criança altamente exigente e a comunicação entre os dois ser rara, quase nula, e sei que no fundo ele considerava-a uma menina mimada, que é. No entanto, quem está comigo tem que amar a minha outra metade, tem que a aceitar tal como é e tentar de todas as formas que essa criança a ame aos poucos. E eu não sentia isso, sentia que a atenção dele era apenas e só para mim, se era o contrário, então não consegui perceber isso... Ele era cobranças, era cenas demasiado emocionais e dramáticas, porque há pessoas que quando amam, dão tudo, todos os segundos, todos os minutos, todas as horas, todos os dias, todas as noites, independente da idade. Eu não sentia o mesmo e depois de muitos “acabas e recomeças” lá arranjei coragem para acabar de vez. E naquele momento soube que pior que partirem-te o coração, é tu partires o coração de alguém, mas tinha de ser. Posto o luto do relacionamento e com a minha assertividade quase que cruel em não querer reatar, entrei em 2015 com novos objectivos, os mesmos de há três anos para cá, divertir-me, estar com os meus familiares e amigos, e sobretudo que para ser feliz eu não precisava de ter alguém ao meu lado. Queria aprender a estar sozinha, a ser feliz comigo mesma, conhecer coisas novas, pessoas novas, baixar todo o tipo de conceitos pré-concebidos. Um “reboot” à minha vida.


To be continued...(isto é só para vos prender às cenas dos próximos capítulos)

"I'm feeling sexy and free Like glitters raining on me"



terça-feira, 16 de janeiro de 2018

41 e sem juízo nenhum...

41 e sem juízo nenhum...
Be U está quase nos 41, para dizer a verdade é já amanhã.
Tenho para mim que a malta que faz anos em Janeiro é assim como “O Desbravador do Ano”. É o primeiro mês, depois da euforia do Natal e da Passagem do Ano. Também é malta rija, porque sendo um mês muito longo, sem feriados, frio e chuvoso, é malta que está habituada a receber poucas prendas, porque o pessoal estourou tudo no mês passado...Be U, relembra sempre os seus queridos amigos e familiares para que quando compram a prenda de Natal comprem a de aniversário também… O que às vezes não acontece.
Com quase 41, posso dizer que ainda não tive nenhuma crise de idade, a dos 40, e que na verdade este último ano, foi muito revelador, sem medos, sem inseguranças, falo claro, da minha pessoa, do “eu”, porque como mãe, as dúvidas são constantes, mas não falemos disso.
Este último ano, o dos 40, fez-me ver e sentir mais o "Agora", o "Hoje", no sentir o momento, sentir que agora sim, tenho vontade de ver tudo, viver tudo, já dizia uma personagem de uma telenovela, "cada segundo é um flash". Quero isto dizer que para além da minha filha, da vida íntima e familiar quero mais, quero continuar a correr e/ou a conquistar cada corrida, cada trail duro, porque ali no meio da natureza e da dureza encontro tempo para parar e olhar ao meu redor, quando depois de uma subida quando chego ofegante com os pulmões arder, quero e abro os braços como que a tentar agarrar aquilo tudo num só momento, subida após subida, sou livre, sou eu ali, a choninhas, a corajosa, a insegura, a incentivadora, a lutadora, a cobardolas, a palhacita, a destemida, a vitoriosa. Metaforicamente é assim que encaro a vida, caminhadas difíceis com momentos muito compensatórios, muitos "conseguiste", tu extenuaste, tu choraste, tu caíste, mas levantaste-te carago, mesmo sendo difícil, levanto-me todos os dias, tomo banho e saio para “encarar o boi de frente”.
Ao contrário de algumas pessoas com menos de 40 anos, não me sinto velha e não quero adoptar aquela postura de "aiii e tal, sou uma senhora e já não vou fazer aquilo ou fazer acolá” ou “aiii que horror, já não posso mostrar as pernas ou um decote...” ou então um “já não tenho idade para isso", pois bem, não ando a matar-me em corridas e trails para não mostrar as minhas pernas, muitas vezes com arranhões… É como se fosse um "statement" e na realidade quem dirige esse tipo de frase, a mim ou a qualquer outra pessoa é mal amado, não está bem consigo, é mesquinho e quer deitar abaixo, é o que chamo de “pessoa pequenina”.
Também ao contrário de algumas pessoas não encaro os jovens que entram na empresa como uma ameaça, mas sim "ar fresco", aprendizagem nova e galhofas, não quer isto dizer que só me dou com pitalhada, mas se nos propusermos a estar e a ouvir, podemos aprender com “eles”, ser tanto ou mais infantil e ficar admirada com a ingenuidade sincera de alguns...Gosto também de aprender com a geração da “velha guarda”, porque perto de determinados senhores, eu sou uma "menina".

A entrada nos 41 é a continuação dos 40, venham eles, com energia, alegria, risadas, provações, experimentações e também algumas lágrimas, porque embora sejam amargas, é com as lágrimas que aprendemos. Como diz uma querida colega “mai nova”, eu sou a minha própria Lifecoach, embora ficando lisonjeada com isso, eu sei que qualquer pode se-lo desde que nunca perca o seu “norte”, a sua pessoa, a sua identidade, a sua força interior. Para a frente é o caminho, sempre.




quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

The Office e os Jantares de Natal!


Um jantar de Natal pressupõe-se que seja antes do Natal, mas como a data nunca é consensual  por causa dos feriados e bla bla bla, o meu jantar de Natal foi em Janeiro, no dia de Reis, uau!

Os jantares de Natal são sempre um mix de emoções, não sabes se positivas ou negativas. Parece que naquele momento, naquelas poucas horas, todas as diferenças laborais são ultrapassadas e todos nos damos bem, um paraíso laboral, uma utopia.

Primeiro aquela questão eterna do "eh pah, não me apetece ir, mas lá terá de ser”. Eu sou daquelas que diz prontamente que SIM e começa logo a pensar no vestido, qual dondoca qual quê… "Ah e tal, leva qualquer coisa, é só um jantar", para mim não é só um jantar, se já com as amigas faço questão de me arranjar, quanto mais um evento desta envergadura… Isto acontece na maior parte das vezes. Desta vez não escolhi o vestido a tempo, comprei um que vou ter que trocar. E consequentemente no próprio dia, fui à Zara e lá desencantei um vestidinho preto que nunca compromete… Digamos que foi stressante, mas “já passou, já passou”.
Os jantares dividem-se em duas partes: pré-jantar e pós-jantar.
Pré-jantar: chega-se relativamente cedo, para que cinco ou dez minutos depois as entradas sejam servidas… Num canto da sala começa a juntar-se a malta, “o gang”, que já tem uma certa afinidade, cumprimentam-se  com beijinhos e piadinhas, parece que não se vêm diariamente, e até parece que gostam todos uns dos outros e que a maior parte das vezes não lhes passam pensamentos homicidas pelas suas cabeças… Os homens têm claramente na testa escrito "porque raio estas mulheres não se arranjam assim todos os dias", porque no dia a dia estamos na série o “Sexo e a Cidade”, not! Do outro lado da sala estão os politicamente correctos a falar aos senhores directores, com aquele jeito de “eu queria era estar ali na galhofa, mas este é o meu momento para me destacar”, ou seja, os lambe botas, porque "ele até sabe o meu nome"... Num outro canto está um Patrão com aquele ar de “lá vou eu ter que fazer mais um discurso e fingir que até gosto destas coisas quando eu queria era estar em casa a ver as últimas novidades informáticas…” A malta da galhofa continua na galhofa, olhando de soslaio uns para os outros e para a sala, as mulheres tiram as medidas umas às outras, mas territoriais nada dizem. Num curto espaço de tempo começam a posicionar-se estrategicamente para se sentar nas mesas… Está tudo à espera de um sinal para se sentarem… Quando sentados, repara-se que há sempre alguém que não ficou com quem queria, pessoas que fogem dos seus chefes e colegas como o diabo a fugir da cruz e os “safety people”, que se sentam sempre com os mesmíssimos colegas com que almoçam todo o santo dia, pessoas que se esquecem que estão num jantar de empresa e que começam a beber álcool como se não houvesse amanhã, pessoas que estão sempre a reclamar da comida  e pessoas que se atiram às sobremesas... Entre a sopinha e o prato principal, levamos com um discurso consideravelmente  longo, em que as pessoas que já têm algum tempo de casa quase que o sabem de cor e salteado. Ainda estou para ver o dia em que o discurso será um “obrigado a todos pela vossa presença e amanhã terão um cheque chorudo na vossa conta, agora comam e bebam, boa noite”.
Pós-jantar: no fim da refeição já está tudo alegre começando a sessão fotográfica e já perdendo a um bocadinho compostura, soltando uma gargalhada mais sonora, um olhar mais lascivo, um ritual de acasalamento… Enfim, a partir daqui é o chamado descambanço. Eu tenho uma regra que tento cumprir minuciosamente, nunca bebas em festas de empresa. Faz o que quiseres, como quiseres, onde quiseres, fora da Empresa, nos jantares de Natal é como se estivesses também a trabalhar.
A música foleirinha começa a ouvir-se, e timidamente começa-se a formar círculos na pista de dança, incluindo os directores. Tenho para mim que têm comunicadores entre eles a receber ordens do Patrão: “vá, agora misturem-se com os vossos subordinados e talvez recebam um extrazinho”. Há sempre um “Fred”, o terror da meninas de salto alto, que o homem rodopia e rodopia até sentirmos o bolo alimentar na boca. Um bocado creepy quando te apercebes que o director do RH está fixamente a olhar para as pessoas de copo na mão. Também há aquele grupinho que está na festa, mas do lado de fora da festa, fumam, bebem conversam, riem-se, mas sempre lá fora, os outsiders, portanto.
Enquanto que lá dentro algumas novatas já perderam o tino e bebem e bebem, é só vê-las ir ao bar e riem-se e riem-se. O meu pensamento vai sempre na direção “miga não! Estás numa festa da empresa, não numa discoteca com os teus amigos, ok!?”, mas se as coleguitas não o estão a dizer, quem sou eu, do alto do meu pedestal que lhes vai avisar, a cota? Nepes. Be U, dança as suas musiquinhas de eleição, “Follow the Leader” e ceninhas, até que decide que está na hora da recolha, porque daí a umas horas terá um trail que pensava ser de 18 km, mas que acabou por ser de 24 km… Quando me recuperar mentalmente falarei sobre isto.
Para mal da veia cusquinha de Be U, é a altas horas da noite, que as coisas acontecem e ela não estava lá… Quer dizer, relataram, mas eu prefiro ver com os meus olhinhos, mas sei e pelo que me contaram, o fim deste tipo de festas é sempre o mesmo, alguém que bebe demais até perder o tino e toda a gente comentar e lá se foi a “imagem”.
No dia útil depois da festa, depois de vários whats ups e ver os colegas nos seus lugares com sorrisos meio tímidos, a rezarem para com os seus botões para que ninguém comente o que se passou.







quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Be U e os ex’s...

Quando falo em ex, obrigatoriamente falo do pai da minha filha, meu namorado e marido durante uns bons anos. Já escrevi sobre este tema (o meu casamento) num post em que relatava o quanto dediquei a este relacionamento.
Adiante.
Não percebo aquelas pessoas que dizem ser amigas, quase melhores amigas dos seus ex’s. Talvez um ou outro, humano bonzinho, que não eu, o consiga fazer, mas para mim, ex é um ex. Pior mesmo é ser amiga da actual do ex. Às minhas amigas pergunto: “então problemas sexuais?”, “o gajo é bom na cama?”, “há quanto tempo não tens sexo?”. Quereria eu ter este tipo de conversas/perguntas e saber a resposta? Não percebo! Não vou ser inimiga e/ou uma “bitch”, mas não vou ser amiga. Vou ser educada, falar sobre o tempo, falar da nossa filha, evitar falar sobre dinheiro, mas não lhe vou perguntar “então, estás bem?”, “tens alguém?”, “és feliz?”, “vamos ali beber um café?”. Vou é falar da única pessoa que temos em comum, a nossa filha, ainda não sou tão evoluída nessa parte emocional, de todo! Dito isto, também com os outros ex’s, é um “olá” muito fugido, um “então, tudo bem?”, sem parar e sem olhar nos olhos, e um adeus. Não, não tenho medo de voltar atrás ou de ter uma recaída, é só porque é passado e se não deu certo, é porque não era para ser, admito ter aprendido esta minha máxima depois de ter caído em algumas armadilhas da vida.
Nesta passagem de ano, recebi duas mensagens muito estranhas em que olhei duas vezes para o telefone a pensar, “porquê pah?”.
Começo pela segunda, a do pai da minha filha que dizia “um brinde à nossa amizade, que o ano de 2018 seja um ano de muitas felicidades, paz e amor!”, estava eu sossegada quando a mensagem entrou à 00:01, qual eficiência qual quê.  Quando estávamos casados nem para um “oi, estou atrasado, tipo uma hora”, se informava. Posso até assumir que foi uma mensagem standard e que a tenha reencaminhado, mas, pessoas, deixem-se dessas coisas, enviar só por enviar ou no caso dele, “eu até sou um gajo bacano”, eh pah, não! Já se passaram alguns anos e ainda discutimos por parvoíces, por causa da educação da miúda e às vezes por causa da família de ambos, a eterna disputa familiar da criança! Podem pensar: “cenas mal resolvidas”, são! Não existe amor, esse foi-se embora quando a nossa filha nasceu, aliás, eu quase que ia para o hospital sozinha, portanto amizade aqui não vai surgir. Fizemos uma única coisa boa juntos, a B. E é só mesmo isto. Se eu respondi à mensagem? Não! Podia ter feito o frete de responder “obrigada, igualmente”, mas seria isso mesmo: frete e já não tenho pachorra para fretes para pessoas que não me interessam, que não gostam de mim ou que nunca estiveram lá para mim.
A primeira mensagem foi também de um ex. O meu primeiro amor e meu “rebound” depois do pai da minha filha. Porquê deixei este para último? Porque poderia, talvez um dia, considerar o pai da minha filha como amigo, um dia longínquo quando tiver Alzheimer, menos esta pessoa. Este meu ex, foi a primeira pessoa com quem estive depois do pai da minha filha. Fez-me, qual ingenuidade qual quê, acreditar que este sim, era “o tal”, porque já havíamos namorado na nossa adolescência e portanto, se nos tínhamos reencontrado era porque queria dizer algo. Sim, queria, o Pai Natal não existe e que as pessoas são o que são, não mudam. Na nossa adolescência, quando namoramos era uma coisa meia assumida, mas só na escola, fora da escola e para o resto do mundo, não éramos namorados. Eu adorava-o, chorei baba e ranho entre os meus 14 e os meus 18 por esta pessoa, quem nunca, não é? Até que um dia, no liceu, entre aqueles devaneios de começar e acabar, estávamos numa paragem de autocarro, a despedir-nos para o dia seguinte e algo me fez olhar para ele. Ele estava inquieto e olhava para todas as direções, porque estava com medo que o reconhecessem, tinha receio que fossem contar ao pai que estava comigo, a rapariga roliça e bonita, mas preta/negra, de cor, não branca, whatever.
No fundo sempre soube, mas naquele dia olhei para ele e ali naquele momento  partiu-me o coração, percebi que teríamos sempre problemas, não pelo meu tom de pele, mas sim pela falta de coragem dele. Ele seguiu a vida militar e eu segui a vida académica. De vez em quando lá nos via-mos, já com namorado e namorada sempre com aquele ambiente de: “e se tivéssemos ido até ao fim teria resultado?”. Pois, depois do pai da minha filha, lá nos encontrámos num jantar e revivemos o nosso “furor”. E também desta vez, teve dificuldades a assumir-me, porque estava também separar-se, mas era ainda muito ligado à família e blá blá blá. Encontrámo-nos algumas vezes até que um dia deixou de telefonar, de escrever, de retribuir às minhas mensagens e telefonemas. Partiu-me outra vez o coração! E foi o responsável para que durante algum tempo fechasse o coração… Para a vida. Um dia, já as feridas saradas, vi que tinha casado novamente com a ex. Exacto, com a ex!
Passados 4 anos desta rutura, esta dita passagem de ano, enviou uma mensagem encriptada com um vídeo sobre amizade e outras coisas que não vale a pena mencionar a desejar um bom ano. Apeteceu mandar-lhe pôr a mensagem no esfíncter de qualquer pessoa menos no meu, mas não o fiz. Ignorei, tal com a segunda mensagem.
Quando ouço pessoas a dizer que se dão com os seus ex’s a ponto de passarem o Natal juntos, fico sempre a pensar se não serei eu a pessoa estranha.
Serve este pequeno texto para realçar a minha surpresa perante os relacionamentos, pessoas e que a vida dá muitas voltas, mas que tal como o Mundo, a vida é um circulo.

Satisfaçam-me a curiosidade e digam-me, alguém de vós leitores é amigo dos vossos ex’s?