Hoje dia 9 de abril e
faço um mês em casa.
Para aqueles que não
se lembram, um dos primeiros casos foi na escola da B: uma professora que tinha
sintomas esteva a dar aulas e devido ao possível contágio tive de ir mais cedo
para casa, eu, a B, os colegas, os professores de todo o agrupamento.
E só me ocorre, que merda! Sim, que merda. É
um desabafo, claro!
Aspetos positivos,
aqueles que tinham problemas porque trabalham e muitas vezes não tinham tempo
de qualidade para com os seus filhos, agora chegou aquele momento em que vemos
tudo, estando, sempre presentes.
Negativos, o estarmos
sempre presentes, torna-se uma relação desgastante, obviamente. Dou com a miúda
a olhar para mim de lado quando a repreendo ou quando lhe digo para fazer a
cama.
Positivos, posso ver
todas as atividades da miúda.
Negativos, tenho de
ver todas as atividades da miúda enquanto eu trabalho, que ginástica mental.
Depois há o macho cá em
casa que faz perguntas após ter cozido o esparguete “o que queres que faça com
o esparguete agora?". Obviamente o pensamento é "mete-o num sítio que
eu cá sei". Não sai um som porque não me ocorre nada positivo. Então é só
silêncio. Aquele silêncio ensurdecedor. Coitado, às vezes sinto pena. Porque
vê-se genuinamente na cara dele que não sabe o que fazer. Enfim.
Continuo a cumprir os
meus horários espartanamente, portanto os dias são quase todos iguais. Não vou
muito às redes sociais, porque...por favor que acabe o Covid depressa,
porque as pessoas perderam a noção e METEM TUDO na internet, já viram quantos
famosos andam pelo TikTok? Parece que o seu cérebro foi sugado e só pensam em
TikToks.
E aquelas pessoas que
fazem pão, bolos, e viraram grandes chefes de culinária, fico tão cansada pá!
No final do dia
depois do expediente, lá estou eu aos saltos ou com uma mochila cheia de peso,
a ouvir e a fazer o Bruno Salgueiro, de vez em quando acompanhada pela mini me
ou pelos olhares de soslaio do macho. Acho que está a pensar, “sim, enquanto
fazes isso, não levo com os teus olhares de psicopata...”.
A gata lá se habituou
à nossa presença e se ela já mandava, agora sinto que sou sua escrava, mia-me
porque quer ir à janela ou porque quer os biscoitos dela ou simplesmente quer
beber água da torneira. Oiço mais sons dela a dar-me ordens neste mês do que em
quase dois anos cá em casa.
De vez em quando paro
para pensar e a minha mente vai para aquela pergunta de “o que vais fazer
quando saires da quarentena?”.
Para além das coisas
simples, ir beber um café à rua, ir correr e sentar-me na praia só apanhar sol
enquanto um gelado se derrete na minha mão e depois disto tudo, ocorre-me que
quero ir ao médico ou a vários médicos:
Ao indivíduo dos
dentes.
Ao indivíduo do pipi.
Ao indivíduo das
hormonas.
Ao indivíduo dos
olhos.
E com isto, não quero dizer que estou mesmo a precisar de
ir por motivos de saúde ou porque estou a morrer. Apenas convém ir aos
indivíduos que muitas vezes negligencio, porque não suporto, os primeiros dois
abomino, mas lá terá de ser, e o que tem de ser, tem muita força, já dizia a música.
Só tenho pena de não
poder escolher um dia e fazer isto tudo num dia para despachar logo tudo de uma
só vez.
Depois ou em primeirissimo lugar tenho de ir ao
cabeleireiro tratar dos brancos. Tenho tentado pintar em casa, mas nem vos
conto.
E como vai a vossa
saúde mental?
Contem-me tudo.
P.S. Acreditemos que vai
correr tudo bem!
"It's just a moment, this time will pass"
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