quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Be U e o Ginásio

Sabem aquelas meninas todas coquetes que vão ao ginásio com a roupinha a fazer pandan? Calçinha, topinho, rabo de cavalo perfeito, cheirosinhas, corpinho todo trabalhadinho? Eu não faço parte desse clube… Uma introdução para que percebam a minha dor.
Frequento ginásios há muitos anos, comecei no step, quando o step ainda era novidade... Foi completamente ultrapassado pelo body step… Depois passei pelo body combat, também ainda ninguém sabia o que era isto. Esta modalidade foi a única que me fez comprar o “outfit” para sentir-me dentro da cena, era as calças tipo tropa ou com uma risca de lado que dizia body combat, era o body de alças para se ver bem os braços definidos e depois as ligaduras para passar nas mãos. Qual boxer qual quê? Isto tudo com a coreografia ao som de "I'm a survivor" das Destiny Child, tinha vinte e poucos anitos e gostava mesmo daquilo.
Coincidentemente ou não, o ambiente dos ginásios é quase igual ao nosso ambiente de trabalho: começas timidamente, depois já te relacionas com pessoas e a certa altura já estás introsada com aquela malta que anda como uma matilha, BFFs , cafés, convenções, alguém envolve-se com alguém, jantares… “Ah e tal, hoje não posso porque vou jantar com a malta do ginásio.”... Eu fiz parte desse grupo, mas como é obvio, tudo o que é demais enjoa, de repente começas a embirrar com uma ou outra pessoa, não estás virada para cafés ou jantares e aquelas pessoas começam também a pôr-te de lado...
Um dia, muito depois do ritual do enamoramento, num sábado de manhã, estava a sala cheia e eis que chega a Miss G.I. Jane (chamava-se assim porque era militar, alta magrinha e treinava como a Demy Moore no referido filme), eu confesso que já andava com ela atravessada,  chega em cima da hora da aula e a menina resolveu pôr-se à minha frente numa sala atolada de gente parva, sem ser eu e a minha amiga, claro. Aqui a "je" passou-se e sem modos nenhuns, tocou na senhora, consideravelmente uns 20 centimetros mais alta que eu e disse-lhe: "olha, quem chega atrasada vai lá para trás"... A sala ficou estupidamente em silêncio, a G.I. Jane engoliu o garfo e foi lá para trás.  E a prof. que também fazia parte da matilha, seguiu com a aula… Isto podia ter acabado aqui, mas não… A aula acaba, vou para o balneário, começo a despir-me e a comentar com a minha amiga o que se tinha passado, quando chega a G.I. Jane, e imaginem a cena: moi meme, semi nua, no bate boca com a outra até que ela resolve empunhar a mão ao qual lhe respondo, “olha, é já como se tivesses batido portanto queres, avança!”. Eu com o meu metro e sessenta e ela, militar, com mais 20 cm. Ela lá deve ter pensado que com os malucos não se brincam e largou o "osso". Posto isto as confraternizaçoes acabaram-se, mas continuo a frequentar ginásios porque gosto das aulas e porque faz-me bem fisicamente. 

O ginásio que  actualmente frequento está dividido por várias fações:
os musculados, que passam ali horas a ver quem consegue com mais peso, quase que parece uma selva de gorilas a bater no peito, de vez em quando param e eis as olhadelas para os rabos de todas as mulheres que passam por ali;
as coquetes, que de vez em quando passam pelos musculados, qual ritual de acasalamento qual quê;
os passadeira people, que se subdividem em três grupos: os corredores; os que estão a passear e o que estão quase a morrer na passadeira. Bufam, soltam uns sons parecidos com um burro, suam que nem uns cavalos e correm, andam, correm, andam...Enfim fico cansada só de olhar.

As pessoas que fazem parte da matilha, normalmente, frequentam as aulas de grupo: as coquetes ficam à frente, porque já conhecem o esquema todo e são amigas da professora, com um ar muito cool e fresco de “aii meu Deus, estou  aqui à frente”
O resto fica para trás a tentar fazer a aula e tentar manter o foco.

Já tenho alguma experiência para  entrar muda e sair calada, se alguém mete conversa é responder algo muito superfulo e olhar para o lado. Faço os possíveis para tomar banho em casa, nas máquinas só peço ajuda aos professores, etc., etc.
Não invalida que de vez em quando ainda tenha alguns episódios: como estar a fazer a aula de bike e sentir o suor de outra pessoa no teu braço; quereres aquela máquina e estar ocupada; perguntares se estão a usar e respondem que sim, quando na verdade estão a descansar na dita; teres o dono do ginásio a falar contigo e não perceberes nada do que diz, porque parece que tem pão na boca; sentires saudades da tua amiga, porque ela sim, faz-te falta nestas andanças, para rir e cochichar.










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