Sabem
aquelas meninas todas coquetes que vão ao ginásio com a roupinha a fazer
pandan? Calçinha, topinho, rabo de cavalo perfeito, cheirosinhas, corpinho todo
trabalhadinho? Eu não faço parte desse clube… Uma introdução para que percebam
a minha dor.
Frequento
ginásios há muitos anos, comecei no step, quando o step ainda era novidade...
Foi completamente ultrapassado pelo body step… Depois passei pelo body combat,
também ainda ninguém sabia o que era isto. Esta modalidade foi a única que me
fez comprar o “outfit”
para sentir-me dentro da cena, era as calças tipo tropa ou com uma risca de
lado que dizia body combat, era o body de alças para se ver bem os braços
definidos e depois as ligaduras para passar nas mãos. Qual boxer qual quê? Isto
tudo com a coreografia ao som de "I'm a survivor" das Destiny Child,
tinha vinte e poucos anitos e gostava mesmo daquilo.
Coincidentemente ou não, o ambiente dos ginásios é quase igual ao nosso ambiente de trabalho: começas timidamente, depois já te relacionas com pessoas e a certa altura já estás introsada com aquela malta que anda como uma matilha, BFFs , cafés, convenções, alguém envolve-se com alguém, jantares… “Ah e tal, hoje não posso porque vou jantar com a malta do ginásio.”... Eu fiz parte desse grupo, mas como é obvio, tudo o que é demais enjoa, de repente começas a embirrar com uma ou outra pessoa, não estás virada para cafés ou jantares e aquelas pessoas começam também a pôr-te de lado...
Coincidentemente ou não, o ambiente dos ginásios é quase igual ao nosso ambiente de trabalho: começas timidamente, depois já te relacionas com pessoas e a certa altura já estás introsada com aquela malta que anda como uma matilha, BFFs , cafés, convenções, alguém envolve-se com alguém, jantares… “Ah e tal, hoje não posso porque vou jantar com a malta do ginásio.”... Eu fiz parte desse grupo, mas como é obvio, tudo o que é demais enjoa, de repente começas a embirrar com uma ou outra pessoa, não estás virada para cafés ou jantares e aquelas pessoas começam também a pôr-te de lado...
Um
dia, muito depois do ritual do enamoramento, num sábado de manhã, estava a sala
cheia e eis que chega a Miss G.I. Jane (chamava-se assim porque era militar,
alta magrinha e treinava como a Demy Moore no referido filme), eu confesso que
já andava com ela atravessada, chega em
cima da hora da aula e a menina resolveu pôr-se à minha frente numa sala
atolada de gente parva, sem ser eu e a minha amiga, claro. Aqui a
"je" passou-se e sem modos nenhuns, tocou na senhora,
consideravelmente uns 20 centimetros mais alta que eu e disse-lhe: "olha,
quem chega atrasada vai lá para trás"... A sala ficou estupidamente em
silêncio, a G.I. Jane engoliu o garfo e foi lá para trás. E a prof. que
também fazia parte da matilha, seguiu com a aula… Isto podia ter acabado aqui,
mas não… A aula acaba, vou para o balneário, começo a despir-me e a comentar
com a minha amiga o que se tinha passado, quando chega a G.I. Jane, e imaginem
a cena: moi meme, semi nua, no bate boca com a outra até que ela resolve
empunhar a mão ao qual lhe respondo, “olha, é já como se tivesses batido
portanto queres, avança!”. Eu com o meu metro e sessenta e ela, militar, com
mais 20 cm. Ela lá deve ter pensado que com os malucos não se brincam e largou
o "osso". Posto isto as confraternizaçoes acabaram-se, mas continuo a
frequentar ginásios porque gosto das aulas e porque faz-me bem
fisicamente.
O ginásio
que actualmente frequento está dividido
por várias fações:
os
musculados, que passam ali horas a ver quem consegue com mais peso, quase que
parece uma selva de gorilas a bater no peito, de vez em quando param e eis as
olhadelas para os rabos de todas as mulheres que passam por ali;
as
coquetes, que de vez em quando passam pelos musculados, qual ritual de
acasalamento qual quê;
os
passadeira people, que se subdividem em três grupos: os corredores; os que
estão a passear e o que estão quase a morrer na passadeira. Bufam, soltam uns
sons parecidos com um burro, suam que nem uns cavalos e correm, andam, correm,
andam...Enfim fico cansada só de olhar.
As
pessoas que fazem parte da matilha, normalmente, frequentam as aulas de grupo:
as coquetes ficam à frente, porque já conhecem o esquema todo e são amigas da
professora, com um ar muito cool e fresco de “aii meu Deus, estou aqui à frente”
O
resto fica para trás a tentar fazer a aula e tentar manter o foco.
Já tenho alguma experiência para entrar muda e sair calada, se alguém mete
conversa é responder algo muito superfulo e olhar para o lado. Faço os
possíveis para tomar banho em casa, nas máquinas só peço ajuda aos professores,
etc., etc.
Não
invalida que de vez em quando ainda tenha alguns episódios: como estar a fazer
a aula de bike e sentir o suor de outra pessoa no teu braço; quereres aquela
máquina e estar ocupada; perguntares se estão a usar e respondem que sim,
quando na verdade estão a descansar na dita; teres o dono do ginásio a falar
contigo e não perceberes nada do que diz, porque parece que tem pão
na boca; sentires saudades da tua amiga, porque ela sim, faz-te falta
nestas andanças, para rir e cochichar.
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