La Muerte é aquela figura que
apareceu do nada, ninguém o conhece, nunca ninguém ouviu falar, só se sabe que
lhe foi atribuído o cargo de Diretor dos Recursos Humanos e como de costume
estes anúncios chegam-nos por e-mail.
De seu ar afável, bochechas
fofinhas e sempre muito simpático, faz questão de cumprimentar colaborador a colaborador
com apertos de mão e beijinhos.
Porquê beijinhos? Porquê?
O seu primeiro “approach” foi
no verão passado a distribuir bolas de Berlim a todos, como que a comprar-nos
pela boca, sabedor do ser humano, recorrendo àquele ditado, “o que é doce nunca
amargou”... Eu sou daquelas que desconfia sempre quando nos dão algo? Já a
querer adoçar a nossa boquinha? Por outro lado é todo um lado fresco de
Recursos Humanos.
Segundo “approach”,
distribuir bolas anti-stress acompanhados de cartões motivadores: “Mar calmo
num fez bom marinheiro”, “Não tenham medo da mudança, coisas boas
acabam para que melhores coisas possam vir bla bla bla” e/ou “Ter desafios é o
que faz a vida interessante e superá-los é o que faz sentido”.
Dito isto, presumimos que é
uma boa aquisição e que a empresa finalmente acertou na pessoa e não no
processador de salários, pensávamos nós.
Com o tempo apercebemos-nos
de certos rituais do DRH:
Os anúncios de entradas novas
são sempre à sexta-feira.
Os despedimentos também são
sempre à sexta-feira. Sendo que este último item tem o seu ritual:
Por volta das 10:30 entra e
cumprimenta um a um fazendo uma ou outra pergunta casual. Sempre com um sorriso
genuíno e bem disposto. Retirando-se para não o vermos mais nesse dia.
Às 11:30 o telefone de alguém
toca diretamente da sala de reuniões da Administração. E durante uma hora não
vemos essa pessoa.
Às 12:30 a pessoa regressa
com um ar lívido e explica o que aconteceu: o DRH foi direto ao assunto,
já com as contas feitas e “se quiser pode ir já embora”. Ficando os restantes
colegas desconcertados. E outros claramente a pensar e agora vou-me lixar,
porque vou ter que ficar aqui depois da hora do trabalho uma vez
que diretor dos RH não teve isso em consideração, o de certificar-se de
que não estava a prejudicar ninguém para além do que está a despedir-se.
Claro que executando isto
duas vezes, foi intitulado de ‘La Muerte’ e cada vez que o vemos a uma sexta-feira
já sabemos que a cabeça de alguém vai “rolar”.
Podiam pensar que o senhor
após dois despedimentos deixasse de cumprimentar as pessoas, uma a uma, sempre
sorridente, mas pelo contrário, continua fiel ao seu comportamento e como tudo
se sabe é de seu conhecimento a sua alcunha e brinca com isso.
Um dia estava eu no café a
fazer sala a uma cliente quando ele entra e dá beijinhos a essa pessoa ao qual
depois digo-lhe “olhe que a menina não é nossa colega…” e ele retorquiu “eu
sei, mas ficava mal eu dar-lhe beijinhos e não lhe dar”.
Como é que é possível este
senhor querer sempre dar beijinhos a pessoas?
Tenho um misto de respeito
com um misto de “porquê?”.
Respeito porque sabe todos os
nossos nomes e não somos tão poucos quanto isso. Imagino-o no computador a
decorar perfil a perfil para não falhar.
Respeito-o porque tem
“coragem” para despedir pessoas e continuar a sorrir, mas por outro lado não
vejo a necessidade de cumprimentar assim tão efusivamente e depois despedir...Entre
diretamente para o seu canto, faça o seu trabalho e vá-se embora... diga só:
“Olá, bom dia”.
Moral da história:
Se o vir entrar, é ir
rapidamente à Internet e pesquisar quanto valho neste momento. Se a hora
chegar, terei o discernimento de olhar para o papel e negociar nem que seja por
cinco tostões… Estar sempre preparada para o ‘La Muerte Happy Face’.
Sem comentários:
Enviar um comentário