quinta-feira, 15 de março de 2018

O mundo maravilhoso do IT

Todos nós algures na vida já pensámos bater num ou outro informático.
O informático é aquele tipo que tem o poder de fazer feliz ou infeliz, ou os dois ao mesmo tempo. O tipo que nutres uma espécie de amor-ódio.
Não podes viver com ele, mas não podes viver sem ele.

Quem nunca apeteceu pontapear, admito pontapear é coisa minha, um IT (information technology) quando:

Situação 1

Tens um problema no computador, já fizeste de tudo o que tinhas a fazer, ligaste, desligaste, fazes um ‘restart’, ligas à rede, ligas o wi-fi e mesmo assim não funciona. Num acto de desespero telefonas para o IT e dizes:
- Desculpa telefonar, mas o meu computador não está a funcionar
- Já experimentaste reiniciar o computador?

Foda-se, desculpem-me a expressão, mas foda-se! Não amigo, eu nem equacionei todas as hipóteses antes de te ligar, eu resolvi ligar-te só para me certificar que não estás numa ilha paradisíaca qualquer em que o teu principal gozo é brincares remotamente com o meu computador.

Situação 2

- Olha, o cliente diz  que o e-mail “voltou para trás”, podes ver o que se passa?
- Já verificaste se ele está com problemas no email?
- Sim, ainda agora recebi um e-mail dele anterior a este
-Tem anexo?
- Sim
- Então, sabes se o anexo está cadastrado?

Foda-se! “Sabes se o anexo está cadastrado?”, não, eu sabia lá que os anexos do “outro lado” tinham que ser cadastrados. Eu só quero receber o anexo, ok? O que é isso de anexo cadastrado? E porque é que eu tenho que saber isso? Onde está isso escrito? Imagino a conversa para o “outro lado”:
- Olha o nosso IT diz que o teu e-mail não passou porque o anexo não está cadastrado
- #$%&$&, ok, eu vou dizer ao meu IT isso mesmo e eles que falem.

Situação 3 (quase igual a anterior)

- Olá, podem ver o que se passa com este e-mail que não conseguimos enviar desde ontem? Obrigada.
- Conforme verificado, os e-mails acabaram por ser entregues. No entanto iremos verificar o atraso.

“No entanto iremos verificar o atraso”, na minha cabeça soa como um “ah e tal, o meu período atrasou-se um dia e terei que fazer o teste para ver se estou grávida ou não”, ou se apenas foi uma pequena anomalia que durou: 24 horas.


Situação 4
- Desculpa novamente incomodar, mas a impressora não está a imprimir e/ou as letras a cores estão esbatidas, se calhar o tonner acabou!
- Hummm qual é a cor que está esbatida?
- Laranja? (Com um ar incrédulo, mas que o IT não vê porque estamos ao telefone)
- Ah, então o tonner acabou, vou aí acima trocar.
Hmmm? Não foi o que eu disse na primeira frase, mas atira com um “qual é a cor” para constatar o óbvio! Outra vez na minha cabeça vais ao médico e dizes “dói-me o ouvido esquerdo e estou constipada, penso que seja otite…”. O médico disserta sobre o estar constipado e canais entupidos, quando com a sua luzinha olhando para o meu ouvido diz: “É uma otite!”.

Podia até falar de uma vez em que me enviaram o número do IP! Sim do IP, para quê? Para que é que eu quero o número do IP? Para colecionar números? Não percebo, a sério que não.

Quando resolvem o problema assumem aquele ar de Super-Homem e que na realidade e aos olhos do comum mortal são mesmo o Super-Homem, porque tu não fazes ideia, puto, nada, niente como resolver a questão e precisas dele para trabalhar, na verdade quase que imploras para que te resolva o problema num curto espaço de tempo. Pedes com muito jeitinho para não ofender. Eles sim são os patrões, se o informático diz: “Não podes enviar este e-mail”, tu até podes escabelarte toda, mas no fundo eles sabem que eles é que vão ficar por cima. No fundo
todos nós tememos esta classe. Imagina que embirram connosco e todos os dias chegas ao teu local de trabalho e o teu computador está bloqueado, o teu e-mail não funciona, o telefone não dá... Imaginem esta tortura, quase que hiperventilo só de pensar.

Claro que se fizermos o exercício de nos colocarmos no lugar de um:

Desculpa ligar-te, mas o meu computador tem o écran virado ao contrário.
Desculpa ligar-te, mas ao escrever o texto os parágrafos estão todos “fora do sítio”.
Desculpa, mas tu não és informático? Em, mas não devias saber isto? O isto é uma outra situação que envolve fios, televisões, acertar o relógio do microondas, mudar lâmpadas, etc.
Desculpa, mas podes “mexer” no meu computador? Confesso se eu ouvisse “podes mexer no meu...” deixaria de ouvir o que quer que fosse partir daqui...

Sabem, eu às vezes penso no que faria se tivesse qualquer tipo de poder e depois penso, “ah, já sei porque não tenho poder…”. Não tenho maturidade suficiente para ter poder. Ninguém tem e por isso se cometem as barbaridades que se cometem no mundo.
E se eu fosse uma IT, não conseguiria que de vez em quando só por diversão desligar um ou outro programa a alguém, vezes sem conta.
Eu, claro.


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