Como é possivel que em cada 3 dias
do mês de Janeiro uma mulher foi assassinada vitima de violência doméstica.
Eu não sei quanto aos meus leitores, mas aflige-me este
número.
Aflige-me que se matem crianças por despeito, por vingança,
na realidade por Crueldade.
Aflige-me que nada se faça, que não se punam em praça
pública estas criaturas assassinas. Não estou a dizer que voltemos aos tempos
das fogueiras, mas a penalização tem de ser a mais pesada e exemplar, um
castigo parecido com um “verem o sol aos quadradrinhos até ao fins das suas
vidas”, mesma opinião para pedófilos, claro.
Se nada se fizer, uma criança que
cresce neste ambiente terá sempre problemas psicológicos, traumas parecidos de
quem foi a uma Guerra, pertubação stress pós-traumático (PSPT).
E o que fazemos Por estas
crianças?
NADA...
Na sua maioria, ou serão vítimas ou
serão as abusadoras. Claro que há excepções, mas ficarão para sempre
lesionadas.
Sempre!
Depois há as gentes:
As gentes que ouvem alguém ser mal tratado e nada fazem.
As gentes que acham que as vítimas não são vítimas porque
são culpadas por se deixarem agredir.
As gentes que acham que em briga de marido e mulher não se
mete a colher.
As gentes que educam os meninos de forma diferente das
meninas.
As gentes que dizem que ter meninas é lixado.
As gentes que acham que as meninas aguentam tudo.
As gentes que acham que há bincadeiras de menino.
As gentes que acham que há brincadeiras de menina.
As gentes que acham que as meninas não podem ter amigos do
sexo masculino.
As gentes que acham que as meninas não podem usar uma
mini-saia ou um decote.
As gentes que acham que as mulheres não podem sair sozinhas
ou mesmo namoriscar.
As gentes que acham que os homens não podem chorar.
As gentes que se interrogam como um homem se deixa
maltratar.
As gentes que acham que as chefias só deveriam ser Homens.
As gentes que acham que nos devemos meter nas nossas vidas.
As gentes que gostam de humilhar.
As gentes que assobiam e olham para o lado.
As gentes femininas que acham tudo acima.
As gentes masculinas que acham tudo acima.
etc., etc., etc….
Fico zangada… Fico zangada porque por mais que eu diga à
minha filha que nunca se deixe bater, a verdade é que se um homem lhe quiser
bater, bate...Por mais que lhe diga para não agredir não sei o que lhe vai
passar pela cabeça um dia. Por mais que deseje que seja protegida não sei se
posso contar com isso. Zango-me porque me interrogo qual o papel das forças
policias. Afinal existem para nos servir.
Mas quem servem?
Fico zangada quando nas escolas em vez de se falar violência
doméstica e o que é o respeito mútuo, fala-se que as meninas não podem andar de
calções.
Fico zangada porque todos os dias tenho que pensar que tenho
que inscrever a minha filha numa arte marcial qualquer que lhe permita
defender-se.
Fico zangada porque existe por aí
muita mãe de menino da minha geração que acha que o dever da menina é aprender
a ajudar a mãe, enquanto que o menino nem tem que aprender a baixar o tampo da
sanita.
Fico zangada porque o menino que viu o seu pai a maltratar a
sua mãe, ou ficará traumatizado ou será um dia o seu pai.
Fico zangada porque a menina que viu sua mãe ser maltratada,
ficará traumatizada ou será um dia a sua mãe ou pior, será o seu pai.
Fico tão zangada…
E enquanto escrevo:
Uma criança perdeu uma mãe ou um pai.
Um pai ou uma mãe perdeu um filho/a.
Uns avós perderem um neto/a ou um filho /a.
Basta!
Basta de gritar alto e bom som “abaixo ao radicalismo
Feminino”…não meus amigos não podemos “baixar” temos sim que radicalizar!
Basta de criar monstros!
Eduquemos pessoas, Boas pessoas, por favor!
Apelemos à consciencialização e à educação!
Eu tenho um sonho e escrevo para ti minha filha:
Sonho que nunca deixes de ser quem és.
Sonho para que nunca te percas de ti e de mim.
Sonho que nunca sejas agredida.
Sonho que nunca sejas assediada.
Sonho que nunca deixes ninguém dizer-te o que podes ou não
fazer.
Sonho que sejas Feliz,
Seja a fazer o que for,
Com quem quiseres,
Onde quiseres,
Quando quiseres!
Sonho,
Sonho para que sonhes!
Sonho para que sonhes!
"A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se
mistura sempre o veneno do medo."
Voltaire
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