quinta-feira, 24 de maio de 2018

La Muerte Happy Face

La Muerte é aquela figura que apareceu do nada, ninguém o conhece, nunca ninguém ouviu falar, só se sabe que lhe foi atribuído o cargo de Diretor dos Recursos Humanos e como de costume estes anúncios chegam-nos por e-mail.
De seu ar afável, bochechas fofinhas e sempre muito simpático, faz questão de cumprimentar colaborador a colaborador com apertos de mão e beijinhos.
 Porquê beijinhos? Porquê?
O seu primeiro “approach” foi no verão passado a distribuir bolas de Berlim a todos, como que a comprar-nos pela boca, sabedor do ser humano, recorrendo àquele ditado, “o que é doce nunca amargou”... Eu sou daquelas que desconfia sempre quando nos dão algo? Já a querer adoçar a nossa boquinha? Por outro lado é todo um lado fresco de Recursos Humanos.
Segundo “approach”, distribuir bolas anti-stress acompanhados de cartões motivadores: “Mar calmo num fez bom marinheiro”,  “Não tenham medo da mudança, coisas boas acabam para que melhores coisas possam vir bla bla bla” e/ou “Ter desafios é o que faz a vida interessante e superá-los é o que faz sentido”.
Dito isto, presumimos que é uma boa aquisição e que a empresa finalmente acertou na pessoa e não no processador de salários, pensávamos nós.
 Com o tempo apercebemos-nos de certos rituais do DRH:
Os anúncios de entradas novas são sempre à sexta-feira.
Os despedimentos também são sempre à sexta-feira. Sendo que este último item tem o seu ritual:
Por volta das 10:30 entra e cumprimenta um a um fazendo uma ou outra pergunta casual. Sempre com um sorriso genuíno e bem disposto. Retirando-se para não o vermos mais nesse dia.
Às 11:30 o telefone de alguém toca diretamente da sala de reuniões da Administração. E durante uma hora não vemos essa pessoa.
Às 12:30 a pessoa regressa com um ar lívido e explica o que aconteceu: o DRH foi direto ao assunto, já com as contas feitas e “se quiser pode ir já embora”. Ficando os restantes colegas desconcertados. E outros claramente a pensar e agora vou-me lixar, porque vou ter que ficar aqui depois da hora do trabalho uma vez que diretor dos RH não teve isso em consideração, o de certificar-se de que não estava a prejudicar ninguém para além do que está a despedir-se.
Claro que executando isto duas vezes, foi intitulado de ‘La Muerte’ e cada vez que o vemos a uma sexta-feira já sabemos que a cabeça de alguém vai “rolar”.
Podiam pensar que o senhor após dois despedimentos deixasse de cumprimentar as pessoas, uma a uma, sempre sorridente, mas pelo contrário, continua fiel ao seu comportamento e como tudo se sabe é de seu conhecimento a sua alcunha e brinca com isso.
Um dia estava eu no café a fazer sala a uma cliente quando ele entra e dá beijinhos a essa pessoa ao qual depois digo-lhe “olhe que a menina não é nossa colega…” e ele retorquiu “eu sei, mas ficava mal eu dar-lhe beijinhos e não lhe dar”.
Como é que é possível este senhor querer sempre dar beijinhos a pessoas?
Tenho um misto de respeito com um misto de “porquê?”.
Respeito porque sabe todos os nossos nomes e não somos tão poucos quanto isso. Imagino-o no computador a decorar perfil a perfil para não falhar.
Respeito-o porque tem “coragem” para despedir pessoas e continuar a sorrir, mas por outro lado não vejo a necessidade de cumprimentar assim tão efusivamente e depois despedir...Entre diretamente para o seu canto, faça o seu trabalho e vá-se embora... diga só: “Olá, bom dia”.
 
Moral da história:
Se o vir entrar, é ir rapidamente à Internet e pesquisar quanto valho neste momento. Se a hora chegar, terei o discernimento de olhar para o papel e negociar nem que seja por cinco tostões… Estar sempre preparada para o ‘La Muerte Happy Face’.
 

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Fátima – Morrer e Renascer.

Aviso para texto muito longo.
Como já escrevi, tomei a decisão de ir a Fátima num impulso.
Confesso que estava nervosa porque seriam 4 dias a andar, 130 km de caminho, não sabia se ia chover, se faria sol se estaria preparada etc etc etc. Não obstante, a minha principal preocupação eram os meus joanetes. Sim, leram bem os meus joanetes. Sempre os tive aqui a falar comigo, mas nos últimos meses têm gritado comigo...Só de pensar em operações fico angustiada, tenho dores, mas tenho ignorado. Portanto, estava bastante preocupada, para além de nunca ter acampado, dormido em albergues ou pavilhões e por aí a fora. Em termos de preparação estava mais ou menos descansada, uma vez que para além das corridas e dos trails, umas semanas antes, comecei a fazer caminhadas de 8 a 10 km por dia para habituar o corpo ao movimento da caminhada.
Depois de várias idas à Decathlon, na véspera da viagem, já tinha tudo arranjado, desde vaselina a meias, muitos pares de meias, fiz um grande investimento em meias, spray para as dores agudas, Voltaren em pomada, saco-cama, colchão, roupas embaladinhas por dia em saquinhos individuais e enquanto revia tudo na minha cabeça, comecei a duvidar de tudo aquilo. Comecei a questionar-me, porquê? Porque optas por fazer isto quando podias ficar estes dias em casa com tua filha? Quanto mais pensava naquilo mais eu chamava-me de doida… Voltas e voltas e às 04:30 da manhã quando toca o despertador lá levantei a muito custo. Vaselina nos pezinhos, a meinha e o resto do equipamento como se fosse correr. Meus amigos, quando nos metemos nestas coisas não é para desistir e há que procurar o máximo conforto na roupa que usas. Na roupa optei pelo meu equipamento de corrida, meias, as que já conhecia da Decathlon, e que nunca me deixaram mal, e os meus ASICS.
 
Dia 1 - O início
Aqui começa a minha aprendizagem de pessoas e de mim mesma. Não podes ir para uma coisa destas e ficares na tua bolha, tens que sair, tens que dar abertura, tens que deixar todos os “jeitos” em casa.
Cheguei ao local de encontro e a minha amiga ainda não estava lá, portanto fiquei ali no limbo uns cinco minutos a ver as pessoas chegar. Aqui comecei a pensar, mas este pessoal trás cobertores e sacos de acampamento? Está-me a falhar alguma coisa Uma alma gentil la veio falar comigo e convidar para o café enquanto esperávamos pelas pessoas. Olhares curiosos porque claramente eu era uma das novatas. Já todos juntos e pontuais, às 05:50 entramos na Igreja para rezar o Terço, comecei a pensar “Embarcaste nisto agora vai com tudo”. Sou batizada, mas não sou católica praticante, portanto rezar o Terço é a modos, que um tanto ou quanto “não sei metade”. Às seis em ponto estávamos em marcha. Início, Bucelas até “mais além”. A verdade é que nem dei pelos primeiros 10 km, pessoas bem dispostas a pôr a conversa em dia. Comecei a ficar impressionada porque de 20 em 20 minutos lá estava o carro de apoio para águas, frutas e bolachas, o que queríamos mais? Fizemos uma paragem grande para o pequeno-almoço e depois fizemos cerca de mais uns 12 km para o almoço. Sempre com paragens pelo meio, uns mais devagar que os outros, mas espera-se sempre pelos que estão lá atrás, sempre! Chegando ao local de almoço, percebo que a comida está quase pronta porque são as pessoas da organização que cozinham. Começo a perceber o porquê das mantas Entramos numa especie de ringue, estende-se a mantinha e descalça-mo-nos para ver os estragos. Pés inchados, bolhas e bolhas, e inchaços… Refrescar os pézinhos, a enfermeira de serviço anda de mantinha em mantinha a ver os pés a perguntar se está tudo bem. Os meus joanetes impecáveis, mas passa vaselina e pôr uma meinha nova. Uns optam por ficar de chinelos, mas cheguei à conclusão que gosto de pôr o creme e calçar logo a meia, isto sou eu, uma vez que não tinha bolhas.
Estava com tanta fome que o rancho caiu-me que nem ginja… Havia outras opções para quem não come rancho, mas não, “moi”, nem queria saber. E ainda bem que o fiz, porque o que andámos até ao ponto de dormida foi outros 22 km à chuva! E com a chuva a moral do grupo desvanece, só andamos em silêncio, uns com chapéu outros com capas, eu não levei nada disto, então só ia a pensar que estava a ficar ensopada nas bochechas do rabo e que não queria assar… Azambuja, paragem para farmácias e chinês. Uma fofinha que não me conhecia de lado nenhum comprou-me uma capinha de plástico que me fez muito jeito até ao final da viagem. Foi ao chinês e comprou uma para ela e uma para mim. Não me conhecia, fiquei-lhe grata, novinha, vinha da Suíça agradecer o fato de ter tentado muitas vezes engravidar e depois longos anos de choros e abortos, lá conseguiu. Fiquei-lhe grata e de certo modo também foi a minha companheira até ao fim da viagem. andamos mais uns quilómetros e chegamos ao local da dormida. Tínhamos feito 42 km nesse dia, só queríamos chegar, tomar banho e descansar.
Foi a minha noite mais difícil, a primeira. Chegar e perceber o que estavam os restantes a fazer. Encher o colchão, saco-cama para cima e toca de ir ao banho. Fila para banho e água fria… Foi um mau momento para mim, muito mau mesmo Não consegui e quando saí, alguém perguntou-me se estava bem ao qual respondi “Vai passar...”. jantamos, ainda gelada e toca a rezar novamente GOD! Finalmente na cama não consegui aquecer, percebi outra vez o porquê da mantinha, portanto dormi muito pouco. Ouvi de tudo, ressonos, tosses, peidos, para além dos cheiros a voltarens e cholés… Noite difícil...
 
Dia 2 - As maleitas
Às 05:30, levantar, desencher o colchão, arrumar o saco-cama, colocar tudo no saco, pôr na carrinha, pão, café e rezar...
Andas, andas, andas, andas, andas e ao fim de 12 km comecei a sentir a canela esquerda. Eu tenho uma dorzinha crônica na anca do lado direito, então compenso o peso todo para o lado esquerdo, mais retenção de líquidos… A dorzinha passou para os pés inchados, que rapidamente passou com o descanço à hora de almoço. Andas, andas, andas e chuva, chuva e chuva, tira a capa, põe a capa para depois ir tomar banho a um Lar, porque no sítio onde vais jantar e dormir não tem chuveiros O mesmo ritual, chegas e enches colchão. Saco-cama abrir rapidamente, da mala tirar a roupa, colocares num carro e cinco minutos estás no lar a tomar banho… Again, demasiado para mim… Tomas banho rapidamente para depois ires à missa, sim, missa, outra vez.. Rezar o Terço, cânticos, missa e Terço outra vez… Finalmente jantar. Dores, muitas dores, na canela, nas pernas, os pés inchados, mas não me posso queixar, bolhas em sangue nem vê-las...
 
Dia 3 - O dia da reflexão
O mesmo ritual de sempre. Às 05:30, levantar, desencher o colchão, arrumar o saco-cama, colocar tudo no saco, pôr na carrinha, pão, café e rezar de mão dadas, mais cânticos...
O terceiro dia era o que na minha cabeça seria o mais difícil e foi. Já com mais de cento e poucos quilómetros nas pernas, as mazelas começam a massacrar… E a dor sempre presente é do caraças. A canela estava cada vez mais inchada e tive que passar pela farmácia e comprar os Voltaren em comprimidos… Foi perfeito,  passado 45 minutos já não sentia dor. Que besta, no primeiro dia quando vi gente junto a farmácia era o que devia ter comprado logo, ou seja, viva aodrunfos. Comecei a sentir as pernas pesadíssimas e cada vez que parávamos fazia logo uns alongamentos, se não fossem estes últimos eu não teria conseguido fazer tanto quilómetro.
Neste dia andamos muito em filinha e tivemos uns quantos momentos sozinhos. Dá para “voltares para dentro” umas quantas vezes, meditares, pensares na vida, para depois voltares às risadas com os teus companheiros desses dias, dares força quando vês alguém a esmorecer ou a dor na cara dessas pessoas. Foram dias de companheirismo, de fraternidade, de apoio. Grata por isso, muito grata. Antes de chegar a Minde (localidade de dormida e antes de Fátima), temos uma subida muito acentuada. Então fizemos um exercício, escolhiamos um par e teríamos que subir lado a lado com esse par,com o mesmo passo sem falar durante dez minutos. Seria um momento de introspecção. Bom este exercício pratico-o quando estou sozinha a correr ou nos trails. Quando estou em sofrimento e o trail nunca mais acaba Esse exercício fi-lo no Trail da Archeira, duríssimo em que chorei muito durante dez minutos depois do senhor da organização nos ter dito que faltam 5 km para acabar, ia no quilómetro 19, andei, andei e andei a chorar, depois continuei. Pelo que percebi foi a primeira vez que este grupo fez este exercício e vi na cara das pessoas, aquando da informação, alguma preocupação dos que já sabiam como era a subida...
Começamos a subida e em silêncio fomos, durante 10 minutos sempre a subir, vou ser sincera, não me custou mas olhava para o canto do olho para o meu par e ele estava aflito, reduzi o passo, era esse o propósito, no silêncio, apoiar. Quando chegamos claramente havia pessoas muito ofegantes, mas muito emocionadas em lágrimas, porque foi extenuante a derradeira prova de quem nós somos e do que somos feitos. A explicação foi que o exercício era para sair da nossa zona de conforto e encontrarmos-nos. Morrer para depois Renascer… Era a frase, achei engraçado porque é um termo que utilizo muito. É um termo que acontece em determinadas fases da nossa vida...Encerramos um ciclo para começar outro, fez todo o sentido, depois disto foi só descer até ao local de dormida. Foi libertador.
Depois chegar e começar o ritual do costume. Era a última noite… E nada melhor para acabar com um bacalhau à Brás, suculento e um arroz doce morninho para nos aconchegar a Alma. A organização lá foi informando em modo de desculpa que recebem todos os anos pedidos para a caminhada e que não dá para todos. A logística já é bastante difícil para as 50 pessoas e que não fiquemos chateados se por ventura para o ano não der… Depois disso aconteceram muitas coisas engraçadas e partidas, porque há sempre um gajo que nos faz rir, mas apaguei de cansaço..
 
Dia 4 - A chegada
Neste dia só andamos uns 18 km, sim, chegamos ao ponto de dizer, só18 km… Aqui, nesta última caminhada fiz questão de andar no meio do grupo e mais devagar para estar mais junto, para a risada e galhofa. A um quilómetro recebemos a diretriz de entrarmos aos pares no recinto, calmamente, em silêncio e a família ir se juntando a nós. Naquele último quilómetro emocionei-me, pela chegada, pelo alívio, por ter cumprido o meu caminho, olhávamos uns para os outros e todos estávamos em sintonia. Emocionei-me q.b..
Foi chegar, rezar e almoçar todos juntos com a família.
Foi uma experiência que guardo bem no meu coração, foi duríssima, mas cresci um bocadinho. Todos têm uma história para contar, mas não com cargas negativas, éramos umas 50 pessoas, todos diferentes com propósitos diferentes, ninguém julga.
Fiquei impressionada com a logística disto tudo. Uma coisa é andares mais de 30 km por dia e chegares, só teres que preocupar-te em tomar banho e comer.. Nao podemos esquecer que há o outro lado, o lado de quando te levantas, tens pão fresco, café, leite, quando chegas para almoçar é só sentar à mesa, tachão enorme, levantam a mesa e quando saímos eles ficam a arrumar, a lavar a loiça, para quando chegarmos para jantar estar tudo pronto. É inacreditável, porque nos levantamos às cinco e meia da manhã e já esta tudo pronto! Descascar batatas para cinquenta pessoas, a custo zero, é preciso ter um grande coração. E a minha renasceu no ser humano. Há pessoas boas.
Faria tudo de novo, faria e farei...Com o olho em Santiago...
No dia seguinte, no trabalho estava eu ainda com pé inchado, mas muito calma e com fé no ser humano.
 Obrigada Fátima.
 

É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.”
José Saramago
 
 
 
 
 
 


quinta-feira, 10 de maio de 2018

Life at the Office e o rancho folclórico

Dentro da empresa temos muitos departamentos díspares, uns mais efusivos, uns que nem damos por eles, uns que não fazemos ideia porque existem e outros simplesmente confusos, em que todos pensam, mas só alguns ousam perguntar em voz alta:
-Porquê tantas pessoas?
-Porque andam sempre em carreirinho?
-Porque fazem tudo junto? O junto é almoçar todos os dias juntos, à mesma hora, sempre com as mesmas pessoas, nos mesmíssimos lugares.
São vários os departamentos com este comportamento de “gang”, mas este post vou dedicar a um departamento específico. Descrevendo um a um, tentando ser fiel às suas personagens:

A Xerifa:
Intitula-se de líder e grande sábia, mas nada sabe. Ambiciosíssima, como um alpinista que anseia chegar lá em cima, mas sem o fair-play deste último. Não olha a meios para atingir o seu fim, lamber botas como ninguém para ter o posto que quer, aquele lugar na Tavola Redonda, porque na sua cabeçinha de melancia ela acha que merece. Uma raposa sempre em alerta e grande sabedora de segredos, talvez devido ao tempo dispensado ao tabaco e em telefonemas. Esta suricata pressente quando algo se passa e em permanente vigia não sossega enquanto não se inteira completamente da situação. Podiam estas características ajudá-la na sua tarefa de chefia e de responsável de departamento, mas apenas alguns que não a sua equipa, parecem entende-la. O comum mortal tem sérias dificuldades em entender o que diz, o que escreve e como se comporta. Não sabemos como o negócio aguenta, mas aguenta...

Sabem aquela expressão “carne para canhão”:

1. Ser usado como dispensável em cenário de guerra, tendo a morte como certa.
2. Ser usado em algo que não tem sucesso.
3. Ser usado em vão.

É assim que a Xerifa trata os seus subordinados.
Vamos ver como ela pensa:
-       São uns incompetentes.
-       Tenho que os meter na ordem.
-       Não querem fazer nada.
-       Tenho que fazer tudo
-     Saem da escola mas não sabem escrever, tenho que lhes “aensinar tudo” ou “afim de garantizar o trabalho”.

A sua equipa:

A Margarida do Pato Donald:
Na maioria das vezes fala como um desenho animado e se visualizarmos a personagem ela parece andar como a Margarida. Com a voz que tem destaca-se do grupo por ser a verdadeira Líder ainda que não anunciada, também pelo sua teimosia, mas dotada de uma grande eficiência nunca reconhecida pela Xerifa. Tem um grande coração, mas por vezes é atraída para o lado inimigo que dura algum tempo, mas depois regressa, se não fosse o seu amor pelos três gatos, uma cadela, uma porca da india,  uma filha e um marido, não haveria salvação. Quando sai um som da boca de Margarida, soa a um ronronar com um miar de fome. De arrepiar a pele.

A Sobrevivente:
As palavras saem-lhe como o som de um bezerro. Portanto, quando a Margarida e a Sobrevivente estão juntas é um massacre para toda a sala.
Esta personagem  não pensa muito no que diz, portanto imaginem uma pessoa a falar de sexo descontraidamente com a voz dum bezerro. Às vezes os nossos ouvidos sangram e às vezes alguém lá tem coragem de lhe dizer “cala-te”, o que piora as coisas para o nosso lado, porque é que não se cala. Com uma unhas enormes, tipo garras, nunca sabemos como gere o seu dia-a-dia com aquelas unhas, como se limpa, por exemplo (desculpem a visão).A Xerifa tem-lhe alguma conta e almoçinhos para aqui e reuniões para ali, já o contrário não sabemos.

A Suiça:
Sabe muito, mas para o mundo da Xerifa, nada sabe. Assume sempre uma postura calma e neutra, talvez por ser a mais velha do departamento. Respeitada e trabalhadora, tenho em mim que a Xerifa queria ser como ela, mas para ser como esta pessoa teria que morrer e nascer outra vez. Companheira da Margarida nos “morfes”, sabemos que se tivermos fome, elas terão sempre algo na gaveta.

O Passarinho:
O passarinho é na verdade uma “moça” trabalhadora. Chamo-a assim porque não faz muito barulho, come uma bolacha maria e fica “cheia”. O passarinho tem uma cintura invejável, mas eu tambem teria se comesse o que come. Diz que sofre de rejurgito ou o que é...Não percebo, eu também podia sofrer disso, em vez disso, corro quilómetros e quilómetros para uma cintura de 38/40… Badalhoca. O passarinho é alvo constante da Xerifa, que quer po-la a trabalhar, já ela estando a trabalhar Xerifa também deve ter inveja do ar fofinho do passarinho e como raposa que é, está sempre pronta a abocanhá-la, no mau sentido.

O Pachá:
Novo no departamento, vem de outras águas mais agitadas e portanto isto para ele é “peaners”, coitado, mal sabe ele.. Rechoncha adorável, ponderado, calmo, a perfeita balança. Fica ao lado do passarinho, dando-lhe apoio moral. A Xerifa ainda não se meteu com ele, acho porque não percebe o que vai na cabeça do pacholas...

O Inteligente:
O mais novinho, mas também o mais inteligente. A maior parte das vezes enverga a capa invisível e tenta passar despercebido. Precisa de vez em quando de escapar para outros países para renascer e voltar ao seu departmento. O corrector ortográfico de serviço, não da Xerifa, porque ela sabe tudo. O Inteligente opta por ser cego, surdo e mudo porque quando não o faz sangra dos ouvidos aquando das dissertações da Xerifa, sua chefe. Se quiseres alegrar-lhe o dia, é passar por ele e falar de um ou outro restaurante e das suas iguarias, e é ve-lo sorrir.