quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Os nossos sonhos.

Há dias que depois de longas horas de trabalho chego a casa e só me apetece meter num buraco.
Há os que odeiam o que fazem no dia-a-dia.
Há outros que amam o que fazem e há aqueles que aprendem a gostar do que fazem.
Eu sou daquelas que não estudei aquilo que faço. Que por mero acaso um dia respondi a um anúncio de emprego e desde esse dia fiquei nessa empresa.
Em oito horas de trabalho, a bipolaridade é uma constante. Tanto amo pacificamente como odeio tempestuosamente. Num minuto estou apaixonada e na hora a seguir estou agoniada.
Ora bem, se pensar bem, a maior parte das pessoas passa por isto.  Será que o que fazem foi aquilo que sonharam?
Eu quando era pequenina sonhava em voar… Voar daqui para ali num piscar de olhos.
Quis a vida dar-me um metro e cinquenta e nove... Por apenas um centímetro não fiquei na TAP, sim, leram bem, um centímetro, isso e provavelmente não ter uma cunha.
Depois sonhei em trabalhar num hotel. Ser directora de eventos... Ainda tenho essa veia em mim, muito por culpa do atentado às torres gémeas, falta de sorte e talvez ter demasiada cor nunca tive sucesso nas entrevistas. Por isso quando respondi a um anúncio para qualquer coisa sem experiência lá fui eu. E disse ao senhor quando me contratou que ficaria temporariamente. Já lá vão dezassete anos, temporariamente dizia eu. Não pensem que passou devagarinho. Passou a correr...
Namorei, desamorei, casei, fui mãe, divorciei-me, apaixonei-me outra vez, partiram-me o coração, depois parti o coração, voltei a apaixonar-me e atirei-me de cabeça até agora.
Fui feliz, muito feliz, assim como fui infeliz e miseravelmente pobre sem dinheiro para um café e depois, reergui-me. Tudo nestes dezassete anos. Portanto, posso considerar que esta minha empresa , que não é minha mas que me  está no sangue , faz parte de mim. Muitas vezes os meus colegas levaram com os meus maus humores, mas nunca souberam o que realmente se passava em casa... Coitados admito que houve alturas que fui muito dura. Apesar disso, houve momentos que os fiz rir, que lhes dei alento, que lhes abracei, que lhes encorajei a voar, a sonhar, a serem felizes mesmo quando tudo parece escuro. Há sempre um caminho.
Se sonhava isto. Não, nunca sabemos que a vida que levamos é o resultado das decisões boas ou más que tomamos, na generalidade dos casos, claro.
Há dias que chego a casa para nunca mais voltar aquele sítio, mas depois durmo, tomo banho, respiro fundo e lá vou eu.
Há outros dias que vou com bom agrado porque sei que é aquilo que gosto de fazer.
Se eu sonho com mais… Sim, sonho. Se eu quero mais... Sim, quero. Se vou conseguir… Sim, vou.
Os meus sonhos às vezes nem passam pelo trabalho, nas minhas introspecções só quero que a minha mãe seja feliz na sua reforma. Sonho que o meu padrasto descanse, usufrua da sua reforma e que passeie com minha mãe durante muitos anos. O meu padrasto começou a trabalhar aos onze anos, porque lá longe numa aldeia ele era o irmão mais velho, tinha que ir trabalhar para comer.
A minha mãe saiu da sua zona de conforto, foi para longe da sua família e veio para Portugal à procura do sonho dela, uma vida melhor. O meu padrasto saiu da sua aldeia ainda pequeno e veio para Lisboa para ter uma vida melhor.
Sonho que sejam felizes e que vejam as suas netinhas crescer.
Sonho que a minha filha seja feliz a fazer o que gosta e como gosta à sua maneira.
Os meus sonhos aos quarenta e dois anos são simples, ver os que eu amo felizes e conseguir os meu objectivos do dia-a-dia, afinal quem não gosta de ser reconhecida profissionalmente sem passar por cima de ninguém.
Tenho em mim que só quero ser eu, tentar melhorar o meu eu. Nunca perder o rumo, olhar para trás e não esquecer para aprender, mas sempre com vontade de mais. Tenho em mim esse sentimento a crescer.
Sonho passar a meta dos 21.50 km a duas horas, sonho um dia fazer e acabar a maratona, são só 41.50 km, só.
Sonho as coisas mais banais ou as coisas mais fantásticas.
Todos nós sonhamos e alguns de nós chegamos a realizar alguns desses sonhos.
Sonhar equivale a querer mais e querer mais implica sair da zona de conforto.
Os sonhos são aquilo que queremos no nosso dia-a-dia conforme os eventos do quotidiano.
Sonhar é recomeçar todos os dias, é acordar e ir trabalhar, é voltar atrás naquilo que se julgava ser o melhor e depois começar tudo de novo.
O caminho para o teu sonho começa agora. Agarra-te ao sonho, não o largues e corre atrás. 

Slow J - Também Sonhar ft. Sara Tavares
 
"...Minha fama não quis ver-me parar de sonhar
Confundindo o que eu queria alcançar
Sucesso 'tá querer-me convencer que eu antes sonhava alto de mais
Desculpa, eu tive de dar um passo atrás
Lembrar-me do que eu sou capaz
Tive de afastar-me primeiro 'pa amar o que eu tenho não me conformar...
 
....
Agora que eu tenho responsabilidade
E há coisas que eu não vou poder arriscar
Mas tenho de continuar a sonhar..."



 

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

A cura vem de dentro!


Para quem leu o meu último post sobre o regresso às corridas, sabe que voltei aos treinos intensos. O que não sabem é que para além do Hiit Zone e as aulas do ginásio tenho uma vez por semana treino personalizado de corrida. 
Há coisas que não têm explicação e há muito que queria ser "seguida" individualmente porque achava e continuo a achar que preciso de evoluir, correr por correr e não melhorar os tempos não estava a chegar. Escolhi esta pessoa em particular porque não queria um professor que já me desse aulas. E os restantes simplesmente não me diziam nada pelas fotos. Sim, escolhi tipo catálogo… não pensem coisas…
Marquei a primeira sessão e claro que ele me perguntou o porquê de querer um PT, quais são os meus objetivos, o que pretendo e o que me fez procura-lo? E respondi que quero emagrecer e melhorar nas corridas. E depois disse "a julgar pela quatro vezes semanais e pelo que ando a comer, a balança não está a refletir esse esforço, não consigo emagrecer". Ele só de ouvir isto interrompeu e disse-me "vamos parar com o não consigo, porque ao dizer isso estamos a enviar mensagens ao nosso cérebro que não vamos emagrecer”. 
Mudando o discurso, mudando o mindset, mudamos tudo. 
Temos que começar a cura de dentro para fora
Não se enganem, eu já tinha ouvido isto e já tinha lido. 
Temos mesmo é  que interiorizar isto para dar a nós mesmos a possibilidade de acreditar.
Este senhor que eu escolhi (lá estão vocês a pensar no catálogo outra vez) não tem no CV que treina corredores. Acredito que tudo acontece na altura que é para acontecer.  O Luís, o meu PT, não só me aconselha como também faz-me acreditar que eu posso, que eu só tenho que acreditar. Dito isto fez um vídeo de EU, sim eu, a correr na passadeira. Perante o meu ar estupefacto nem queria acreditar, porque uma coisa é saber que falta a técnica, outra coisa é verificar que pareço uma pata choca a correr. O pé esquerdo parece um acessório que apenas se lembra de vez em quando do que está a fazer... O direito não está muito mal, mas reparo que a técnica está toda errada. Corro há quase 5 anos e nunca me vi a correr... não é muito bonitinho… Ponho o vídeo no fim do texto, podem rir-se à vontade.
Tenho uma vez por semana treino personalizado, uma vez Hiit Zone, outra RPM e duas vezes corrida. No treino com o PT, ele faz exercícios para corrigir a passada: joelho para cima, calcanhar no rabo, lunges, corridinha pequena, passada larga, puxadas de braço, flexões, pranchas, etc. Vejo melhorias, principalmente naquele meu pé esquerdo que começa a perceber que serve para alguma coisa. 
Believe you can and you will!
Com duas sessões de treino lá fui à corrida da Mulher, apenas cinco quilómetros com a recomendação do PT para ir na “descontra”, uma vez que ia acompanhar a minha mãe e filha, a equipa das Chocolatinhas nunca falha esta corrida, mas… entusiasmei-me deixei-as para trás. Coisa que agradeceram e dei ao pedal, consegui melhorar para 31 minutos, menos quatro minutos desde a última vez, é bom… mas… já fiz a 28 minutos. Gravar este numero para o alcançar.
A questão é corrigir toda uma vida de corrida, o que é difícil. Se começarmos do zero e bem instruídos é muito mais fácil do que corrigir vícios que nem sabemos que temos. 
Quem está nesta vida de corridas de vez em quando olha para o calendário de corridas e sem saber como inscreve-se. Este domingo lá fui eu para dez quilómetros no Jamor a pensar que era uma corrida de estrada normal. A vontade de sair de casa era nula porque estava a chover, mas lá fui. Aos três quilómetros dei por mim que ia entrar dentro do Jamor, naquele terreno por cima do Estádio Nacional, ou seja, mato, ou seja, natureza, pequenas subidas e descidas num terreno muito escorregadio. Encarei aquilo levemente e pensei “que bom voltar ao mato!”. A maturidade dita tudo e ao invés de me por a esgalhar na velocidade, mantive a corrida técnica, cheia de lama e a levar quase sempre com chuva. Ao chegar ao topo e ver o mar, ao mesmo tempo que a chuva caía na minha corrida solitária, mas com gente à volta, a sensação de liberdade foi infinitamente satisfatória. Amei aquele momento corri sem pressão, sem tempos, afinal de contas ia só treinar dez quilómetros. Cheguei contente, sem dores, cansada, mas com a alma lavada… a roupa e as sapatilhas é que não. Pouco importa. Fiz o relatório ao meu PT e ele só me disse “tente sempre manter-se o mais perto possível da natureza, se lhe faz bem”. As saudades que tenho de um trail são cada vez maiores, mas é preciso dosear o esforço, por enquanto.
Tenho quatro corridas de dez quilómetros todas até ao final do ano em quero melhorar o tempo das últimas duas, a de São Silvestre de Lisboa e a da Amadora. Eu sei que vou conseguir, manter o foco, treinar, correr, obedecer o descanso, comer corretamente e meditar.
Sim, meditar.
Parte importantíssima no meu treino e na minha vida. Sem a calma não vou a lado nenhum. E comecei muito céptica em relação a este assunto. Eu, alma agitada que reage em vez de pensar. Ao longo dos anos tenho aprendido que é preciso ir àquele cantinho, àquele momento e respirar profundamente vezes sem conta até conseguir a calma.
Se comecei com um minuto e agora já vou mais além... uns 15 minutos vá... E sabem que resulta, comigo, claro. Quarenta e dois anos e percebi que reajo... Quando reclamo estou a reagir, quando me zango estou a reagir, quando como, estou a reagir!
Mil e uma formas para chegar àquele momento, 15 minutos até agora! Comecei por ouvir discursos motivacionais, já ouvi Denzel Washington no YouTube, a Oprah tanto no YouTube como no Spotify, mas o que me interessou mais e continuo a ouvir foi Rob Dial the Mindset Mentor, são apenas dez minutos, mas que me chegam, que me motivam e que no fundo, no fundo eu já sei aquilo, mas gosto de o ouvir. Uns vão à Igreja, eu oiço o Rob Dial. Antes de adormecer, nesta minha fase e neste momento, oiço "Guided Meditation Deep Relaxation"… toda uma aprendizagem. Atenção, isto só resultou comigo porque estou predisposta a mudar. Até há bem pouco tempo achava que não conseguia. A partir do momento que tento riscar/mudar o não consigo para o vou tentar, esta última parte do meu treino, sim, porque faz parte do meu treino, a meditação chegou à minha vida para ficar.
O que resulta para mim pode não resultar para os outros, mas sei que se todos acreditarmos, mantermos o foco, procurarmos a paz interior, todos nós conseguimos meditar. É preciso estar é predisposto de mente e de coração aberto. 
Aos poucos tudo fica mais claro.
Acreditem!

Videos: o que não fazer:
 


 


Foto do meus 10km que eram estrada, só que não!



 Insisto, persisto para nunca desistir porque um dia Eu conquisto.

Be U always...

 




quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O regresso às corridas!


Este domingo que passou voltei a correr com um objectivo. 
Tenho andado a correr com a minha mãe, então tenho corrido com aquele à vontade de não me esforçar muito. Apenas para lhe acompanhar. Porém, já há algum tempo que tenho vontade de voltar a correr a sério. O que implica sofrer sozinha, mas só a sofrer eu consigo evoluir. Se não sair da minha zona de conforto nunca atingirei os meus obejctivos. Já fiz 10 km a 59 minutos quase a vomitar, mas consegui… Esta marca não é passada há 2 anos. Acho que chegou a hora de parar com os mimimis e voltar a dar o meu melhor.
Claro que me sinto pesada, com excesso de peso e muitas vezes desmotivada. De há dois meses para cá tenho treinado e sofrido muito nas minhas horas de almoço de tal maneira que me obriguei a inscrever e voltar a correr. Ás segundas e quartas tenho umas aulas muito, muito duras, aulas de 30 minutos em que o esforço é levado ao extremo, mas que têm ajudado a recuperar a forma física, a manter-me activa, com mais energia e cada vez mais com vontade de melhorar.
Vou descrever o HIIT ZONE:
“HIIT ZONE é uma sessão de cardio composta por períodos rápidos de treino bastante forte. A ideia principal do treino de alta-intensidade passa por disparar a intensidade do seu cardio. De modo a qualificar-se como um verdadeiro treino HIIT terá de puxar por si até ao seu máximo durante cada período. É por isso que cada período de treino dura entre os 20 a 90 segundos. Precisamente o oposto de ir fazer uma corrida de longa duração com o objectivo de aumentar o periodo em actividade.”
Por palavras minhas, a cada três minutos morres na passadeira e depois voltas a morres no chão com burpees, flexões e outras coisas dolerosas. Em cada 3 minutos morres em cada bloco até fazer os 30 minutos. Houve uma aula, não há muito tempo, depois ter ter corrido a nível 10 com elevação a 4, fui para o chão e quando levantei a plataforma por cima da minha cabeça quase que ia vomitando.
Acho que a partir desse momento pensei, “se eu consigo fazer isto, consigo encarar os 10 km de frente”. No fundo é isso, encarar as tuas limitações de frente e tentar fazer melhor. Não vou com grande vontade para estas aulas, é verdade, mas quando saio de lá, sei que fui ao limite, o que me permite também não endoidecer num mundo de loucos que é o meu trabalho. Que me permite não mandar todos para o “c...”, o que me permite sobreviver a aturar pessoas e também lidar com as as minhas frustações, que são umas quantas tal como o comum mortal.
Há dias que adoro o que faço e suporto tudo, há outros dias que só o gostar não chega. A falta de consideração, a falta de ética, a falta de “sermos uns pelos outros”. Chamem-me menina, mas num mundo onde se dá importância à cor ou à gaguez de Joacine Katar, em que se discute a eterna questão de Portugal ser ou não ser racista. Eh pah, cresçam, não há ninguém que não tenha os seus preconceitos, ninguém. Seja de que cor fôr. Enfim, senão fossem essas aulas à hora do almoço não conseguiria suportar piadinhas sobre gajas, sobre gays, sobre cores, sobre André Venturas, homens de saias e outros temas que despertam o cócó que há nas pessoas.

Voltando aos meus 10 km e à corrida do Montepio. Lá fiz a prova, não muito a sofrer como sofro nas aulas, mas com muito custo. Tentei não olhar para o relógio, porque ao contrário de muitas pessoas, olhar para o relógio ou ouvir a quantos quilómetros vou, não me ajuda em nada. Apenas deixei as pernas rolar. Claro que depois dos 6 km a moral começou a ficar lá para trás e o ritmo foi baixando. Mais a moral, uma vez que as pernas continuavam... Perdi a respiração já ao quilómetro sete , mas continuei... No último quilómetro tentei dar o litro e um rapaz da minha idade (42 anos) ao reparar na minha passada resolveu levar-me com ele... E fomos juntos até ao final. Ia no início da Rua do Ouro e começei a sentir dor de barriga, dor nas costas, dor no peito e disse “vá!". Ele disse "não", corremos juntos e ainda tive alento de acelarar o passo, não fossem as dores parar-me. Só quem corre percebe. Quando cheguei à meta agradeci-lhe ao qual ele me responde “ora essa, vinha aflito dos joelhos e quase a parar quando a vi, o lema é corrermos uns pelos outros”. Fiquei emocionada e lembrei-me porque corro. Corro porque encontramos sempre alguém que nos dá alento mesmo estando a sofrer, eu própria faço isso ao acompanhar alguém. Não foram os meus 59 minutos, fiz mais 9 minutos, 1 hora e 8 minutos… Fiquei satisfeita, não vomitei e sei que consigo lá chegar. O meu orgulho chegou 10 minutos depois. Tem 66 anos e serve de exemplo para quem vem ao lado dela. É a senhora minha mãe.
Enquanto isso vou continuar até conseguir o meu objectivo, os 59 minutos. 




KEEP CALM
WORK HARD

AND
STOP THE MIMIMI!

Believe……


KEEP CALM

WORK HARD
AND
STOP THE MIMIMI!

Believe……
KEEP CALM
WORK HARD
AND
STOP THE MIMIMI!

Believe……
KEEP CALM
WORK HARD
AND
STOP THE MIMIMI!

Believe……