Há dias em que penso o que estás
a fazer?
Enquanto revejo o filme do dia e
volto a pensar nesses momentos, volto a perder a fé no ser humano. A mesma fé
que ganhei nos quilómetros de Fátima é posta em causa...
As pessoas na sua generalidade
concentram-se no seu umbigo. O chamado umbiguismo, perdem valores pelo
caminho e às vezes quando dás por ti estás no meio de umbiguismos sujos e
deturpados. E aquando analisadas a fundo, dou comigo com vontade de fugir, de
refugiar-me e não olhar para trás.
A pergunta que prevalece é, “mas
queres mesmo ser igual a estas pessoas, lavar as mãos como Pilatos ou queres
ser tu própria?” Ter opinião e tentar ajudar, tentar pôr-me no lugar de
pessoas e pensar ,mas é assim que gostavas de ser
tratada? Não, não quero ser tratada como descartável, não quero ser
mais uma que vira a cara enquanto o outro precise de ajuda. Sim, seria mais
fácil agir que nada sabes, que a responsabilidade não é tua, que só estás a
assistir, não é nada contigo. Não? ??
Comparando situações:
Então não paras para ajudar o
senhor que caiu, não paras para ajudar a carregar o saco, não paras quando vês
alguém a bater em alguém. É assim que quero ser? Não, de todo. Quanto mais
apanho idade, mais me torno inflexível em determinadas situações, não abro mão
de ajudar o próximo, mesmo que esse próximo desiluda-me, mas que não me desiluda
comigo mesma. Falarei, chegar-me-ei à frente, mesmo que a situação não me seja
favorável. Que me arrisque, que me ponham em cheque, quero lá saber!
Há alguns anos fiz um voto de
tentar sempre ser uma pessoa melhor, e todo o santo ano era o mesmo pedido, até
que deixei de fazer o pedido e tento mesmo pôr em prática… Às vezes esse voto
fica esquecido devido a situações do dia a dia ou porque te desiludiste com o
mundo e estás zangada!
Contudo,
não quero ouvir numa fila de supermercado que há crianças a passar necessidades
numa instituição. Não quero apenas fazer uma compra e deixá-la sem qualquer
intenção só para sentir que fiz a “boa ação do dia”. Quero sim, poder explicar
à minha filha que se temos um pouco, não custa partilhar. “Ah e tal, as
instituições recebam dinheiro…”. Não quero saber, se posso comprar um produto
alimentar sem conhecer as pessoas em questão e há crianças com fome que não têm
leite, se posso comprar um litro de leite, qual é a razão para não ajudar?
Não quero ouvir que o banco de
sangue está a precisar de dadores e não pelo menos tentar.
Tentar, pessoas não custa nada.
São valores que tento manter e ensinar à minha filha. Tentar!
Se alguém me pedir ajuda no
trabalho tentarei ajudar mesmo que não perceba nada do que fazer, mas tentarei
e darei força.
Se alguém perder o emprego e
pedir ajuda para encontrar fá-lo-ei, com grande vontade.
Se alguém precisar de um ombro
para chorar, estarei aqui também.
Se alguém me disser que é vitima
de maus tratos, bullying ou outro manifestação negativa, darei a minha opinião
e salientarei que bullying não é permitido.
Se alguém me disser que por ser
mulher tenho a vida mais facilitada, baterei com pé veementemente, gritarei
ficarei ofendida e no fim tentarei passer à frente do comentário.
Se nada fizeres serás cúmplice.
Venho para casa e nos meus
momentos de reflexão tento não desmoralizar, tento recuperar a fé que às vezes
desvanece, tento nos olhos dos inocentes encontrar-me.
Se não conseguir vou correr,
andar ou exercitar-me até me cansar. Dormir para acordar com esperança num
mundo melhor.
Se já me queimei? Já. Se me arrependi
algumas vezes? Sim, mas não desisto do ser humano. O que posso fazer é ter
calma e pensar antes de falar… Ultimamente esta ultima parte tem sido
negligenciada. Vou tentar melhorar! Vou regressar ao meu Eu, aos meus livros,
às minhas pausas para regressar!
Não sei se fará sentido este
texto, mas estas poucas palavras sou eu.
Tentemos ser melhores, sair do
nosso mundinho e olhar ao nosso redor. Sorrir e ajudar.