quinta-feira, 19 de julho de 2018

Se nada fizeres serás cúmplice.

 
Há dias em que penso o que estás a fazer?
Enquanto revejo o filme do dia e volto a pensar nesses momentos, volto a perder a fé no ser humano. A mesma fé que ganhei nos quilómetros de Fátima é posta em causa...

As pessoas na sua generalidade concentram-se no seu umbigo.  O chamado umbiguismo, perdem valores pelo caminho e às vezes quando dás por ti estás no meio de umbiguismos sujos e deturpados. E aquando analisadas a fundo, dou comigo com vontade de fugir, de refugiar-me e não olhar para trás.  

A pergunta que prevalece é, “mas queres mesmo ser igual a estas pessoas, lavar as mãos como Pilatos ou queres ser tu própria?” Ter opinião e tentar ajudar, tentar pôr-me no lugar de pessoas  e pensar ,mas é assim que gostavas de ser tratada? Não, não quero ser tratada como descartável, não quero ser mais uma que vira a cara enquanto o outro precise de ajuda. Sim, seria mais fácil agir que nada sabes, que a responsabilidade não é tua, que só estás a assistir, não é nada contigo. Não? ??

Comparando situações:
Então não paras para ajudar o senhor que caiu, não paras para ajudar a carregar o saco, não paras quando vês alguém a bater em alguém. É assim que quero ser? Não, de todo. Quanto mais apanho idade, mais me torno inflexível em determinadas situações, não abro mão de ajudar o próximo, mesmo que esse próximo desiluda-me, mas que não me desiluda comigo mesma. Falarei, chegar-me-ei à  frente, mesmo que a situação não me seja favorável. Que me arrisque, que me ponham em cheque, quero lá saber!

 Há alguns anos fiz um voto de tentar sempre ser uma pessoa melhor, e todo o santo ano era o mesmo pedido, até que deixei de fazer o pedido e tento mesmo pôr em prática… Às vezes esse voto fica esquecido devido a situações do dia a dia ou porque te desiludiste com o mundo e  estás zangada!

Contudo, não quero ouvir numa fila de supermercado que há crianças a passar necessidades numa instituição. Não quero apenas fazer uma compra e deixá-la sem qualquer intenção só para sentir que fiz a “boa ação do dia”. Quero sim, poder explicar à minha filha que se temos um pouco, não custa partilhar. “Ah e tal, as instituições recebam dinheiro…”. Não quero saber, se posso comprar um produto alimentar sem conhecer as pessoas em questão e há crianças com fome que não têm leite, se posso comprar um litro de leite, qual é a razão para não ajudar?

Não quero ouvir que o banco de sangue está a precisar de dadores e não pelo menos tentar.

Tentar, pessoas não custa nada. São valores que tento manter e ensinar à minha filha. Tentar!

 Se alguém me pedir ajuda no trabalho tentarei ajudar mesmo que não perceba nada do que fazer, mas tentarei e darei força.

Se alguém perder o emprego e pedir ajuda para encontrar fá-lo-ei, com grande vontade.

Se alguém precisar de um ombro para chorar, estarei aqui também.

Se alguém me disser que é vitima de maus tratos, bullying ou outro manifestação negativa, darei a minha opinião e salientarei que bullying não é permitido.

Se alguém me disser que por ser mulher tenho a vida mais facilitada, baterei com pé veementemente, gritarei ficarei ofendida e no fim tentarei passer à frente do comentário.

Se nada fizeres serás cúmplice.

Venho para casa e nos meus momentos de reflexão tento não desmoralizar, tento recuperar a fé que às vezes desvanece, tento nos olhos dos inocentes encontrar-me.

Se não conseguir vou correr, andar ou exercitar-me até me cansar. Dormir para acordar com esperança num mundo melhor.

Se já me queimei? Já. Se me arrependi algumas vezes? Sim, mas não desisto do ser humano. O que posso fazer é ter calma e pensar antes de falar… Ultimamente esta ultima parte tem sido negligenciada. Vou tentar melhorar! Vou regressar ao meu Eu, aos meus livros, às minhas pausas para regressar!

Não sei se fará sentido este texto, mas estas poucas palavras sou eu.

Tentemos ser melhores, sair do nosso mundinho e olhar ao nosso redor. Sorrir e ajudar.
 



quinta-feira, 12 de julho de 2018

Quando os nossos amigos desaparecem...


Venho por este meio falar de um problema que assola a grande maioria das pessoas. Quando os nossos amigos(as) “arranjam” namoradas(os) novas(os) e desaparecem do mapa..  

Onde andam?  
Dias infindáveis sem comunicações, não sabemos como estão e o que fazem?  

O ritual é sempre o mesmo: quando não têm ninguém , telefonam, combinam cafés, sempre a tentar uma jantaradas ou noitadas, sempre com grande companheirismo.

...Pronto, não o fazem por mal.

Este tipo de pessoa sofre de um grande mal, não consegue, não suporta sequer a ideia de estar sozinho. Então, algum tempo depois, apresentam-nos a namorada e inevitavelmente, passado meses, alguém pergunta: “Então, tens visto o Pedro?” (nome fictício claro!),  ao qual alguém responde “Eh pah, não, desde que começou a namorar com a Joana…” .
Porquê?  

Porquê que algumas pessoas quando estão apaixonadas se submetem ao isolamento com a  parelha? Vivem intensamente aqueles momentos iniciais de paixão, de descoberta, não deixando espaço para os outros.

Nós ficamos à espera pacificamente de que ao primeiro drama o Pedro lá telefone com ares de “vou morrer de desgosto” e tu ouves e choras com ele..  E dizes “vai passar...”. E passa, até ao novo amor e volta o mesmo “modis operandi” .

Ou nos habituamos e aceitamos este tipo de pessoas ou não os queremos nas nossas vidas!  

Eu sei que o Pedro não faz por mal, mas podia muito bem sair da sua redoma e pensar que nós, os amigos, vamos cá estar para o que der e o que vier, já a Joana não sabemos...
Eu já namorei com um Pedro há uns anos e também já fui um Pedro. Contudo, convenhamos, cresci e aprendi que na vida temos que “arranjar” um tempinho para os nossos amigos. Um café, que seja, temos que fazer um esforço. Não é só dizer ”qualquer dia combinamos um café”, não! É combinar mesmo o café. Fazer o check in de vez em quando. À medida que vamos “crescendo”, vamos tendo o trabalho, os filhos, os maridos, mas os amigos são as pessoas que sabemos que podemos contar. Um dia o filho cresce, o marido/namorado deixa de o ser e de estar na tua vida, o emprego não te satisfaz ou é o mesmo de há anos. E tu o que tens? O Pedro foi-se embora e os amigos também…      

Claro que também há o contrário: a Patrícia (nome fictício). Arranja um namorado novo e para não perder os seus amigos inclui o namorado, o André,  em todas as suas saídas… O André tenta no início entrosar-se na esperança íntima que tudo vai passar e que Patrícia vai acabar por querer estar só com ele. Não acha piada a tanta confraternização e chega a fazer um ultimato ou eles ou eu… Patrícia decide pelos seus amigos, mais vale uns bons amigos do que um André que não se adapta.

Não faz mal apaixonar-mo-nos, não faz mal que durante um mês ou dois, queiramos estar só com aquela paixão, não querer intrusos, mas depois há a Vida, a socialização, muitas vezes temos mais afinidades com os nossos amigos do que com familiares próximos.
 
Apelo: pessoas apaixonadas podem ter os dois mundos!
#naosejampedrossejampatricias