sexta-feira, 15 de março de 2019

O Amor e a Perda!

O que farias se perdesses o Amor da tua vida?

 Não é aquele amor de mãe ou pai para o filho, porque esse não quero sequer imaginar.

É o outro amor.

Aquele amor entre duas pessoas, tão forte, tão genuíno que não consegues conceber a sua ausência, não consegues respirar, aquele que tens coceguinhas na barriga quando pensas que vais vê-lo logo á tarde, esse amor…

Eu sei que para os mais cépticos isso não existe ou que o tempo se encarrega de acabar com isso… Mas eu gosto de acreditar nesse Amor e eu acho que em determinada altura das nossas vidas, nós amamos dessa maneira.
Amamos muito e se for mesmo “aquela pessoa”, aquela que muitos chamam alma gémea, como sobrevives à sua ausência? Sobreviver é a palavra certo!?
Um dia acordas e essa pessoa não está lá.

Como tens alento de continuar a viver? Como vais encarar o dia a dia? Como vais voltar a sorrir quando nem forças tens para te levantares da cama.
Não te deixou porque não dava mais, deixou-te porque morreu. É uma dor que parece que te arrancaram um membro. Uma dor que só quem passa por isso sabe.

Quando esse momento acontecer, quando o teu amor morre, calculo que se anda anestesiado durante algum tempo ou em mode robot, evitando o nome, lugares, pessoas, o Mundo. Para um dia finalmente te aperceberes que realmente isso aconteceu e que nunca mais vais poder sentir o seu cheiro, ouvir a sua voz, brincares, zangares-te com ela. E choras, choras até sarares.

Já vimos isso inúmeros vezes em filmes e em muitos desses momentos, eu pelo menos soltei lágrimas, muitas.

Sempre que penso neste tipo de amor, lembro-me do filme City of Angels (1998), quando a personagem Sefh (Nicolas Cage), passa de Anjo para Ser Humano por causa do amor e depois perde o seu amor no acidente de aviação. Lembro-me sempre da frase dele “Eu prefiro ter-lhe beijado uma vez, ter-lhe abraçado uma vez, ter-lhe tocado uma vez, do que passar a eternidade sem isso."
(É só o meu filme preferido!)

Porque no fundo na perda é agradecer. Agradecer que essa pessoa passou pelas nossas vidas e que vivemos o amor em toda a sua plenitude e desejar que pelo menos que uma vez na vida tenhamos vivido isso.
Aos que sobreviveram à perda de um alguém muito especial resta viver um dia de cada vez. Viver para recordar.

Depois voltamos a amar, não da daquela maneira, mas amamos. Aquela pessoa ficará para sempre num cantinho da nossa memória para um dia quiçá numa outra reencarnação encontrarmo-nos e continuar onde se fez a pausa.


Há a outra perda não falecimento.
Aquela em te apercebes que o teu relacionamento não dá mais, que deste tudo e que já não tens nada para dar.
Quando um relacionamento acabou que por mais que tentes não consegues.
Quando te apercebes disso já o relacionamento morreu a algum tempo, apenas tens andado a protelar, a ganhar tempo na esperança de um milagre. Não existem milagres para quando o amor morre. Existe sim a aceitação. A dureza da aceitação. Porque o amor não morre de um dia para o outro, vai morrendo...
Ter coragem para desistir e não continuar na zona “ni”, nem sim nem não, acabar com a sobrevivência e começar a viver. Não ter medo das pessoas, da sociedade, do estigma do ficar sozinho.
Quando comigo aconteceu já andava a penar há três anos. Três anos a pensar que as coisas iriam melhorar, que aquela pessoa que estava ao meu lado ia ser a pessoa que eu tinha sonhado ser durante 8 anos de namoro. Quando finalmente tive a coragem de assumir que tinha acabado, saí para nunca mais olhar para trás.
Durante meses andei anestesiada sem querer sair para o mundo, sem querer falar do assunto, sem querer admitir porque para mim tinha falhado. Eu tinha falhado o meu sonho de família feliz, tinha acabado. Agora teria que dividir a minha filha a cada quinze dias. Esse dor era a maior de todas as minhas dores, ficar sem a minha mais que tudo durante um curto espaço de tempo, sem saber o que estava a fazer, se estava em segurança, se comia bem, se não se magoava, enfim. Ainda sofro silenciosamente, ainda me custa passados sete anos. Porém sei que foi a melhor coisa que fiz. Desistir desse amor para o bem dela, para que ela fosse feliz, não crescer num ambiente de faz de conta.

Bati no fundo, mas saí, cresci e tornei-me melhor, saí do casulo e vi mais, quis mais. Quero isso todos os dias, aprender, sempre.

Depois o amor à distância:

Já fui muito romântica e no fundo existe aquela menina que sonhava com o seu príncipe encantado.
Mas este amor sempre me fez muita confusão. É preciso gostar-se muito, para aguentar a saudade. Separados por quilómetros de distância ou por fronteiras.

Principalmente quando se é jovem. Se és jovem as oportunidades e as distrações se estás sozinho são imensas. Tens que ser um jovem muito maduro para que te apenas foques naquele relacionamento, aguentares a ausência física, aguentares as saídas, as novas amizades, o novo ambiente. Se aguentas mais de seis meses, então sim o relacionamento é forte. Mas não podemos julgar quem não aguenta, há aquele ditado que diz longe da vista, longe do coração. Embora acho que há 20 anos era quase impossível porque não havia as tecnologias que existem hoje. A qualquer momento se a pessoa quiser pode falar porque tem imensas opões. Claro, se quiser. Senão quiser não tem tempo, estava a trabalhar, não ouviu a chamada, estava num jantar… Até esmorecer...
Admiro quem consegue, porque é focado, apaixonado e sabe o que quer.

 
O Amor proliferado: aquelas as pessoas que amam duas pessoas ao mesmo tempo, mas apenas estão com uma. Essas pessoas muito apaixonadas que não posso criticar. Quem nunca se sentiu dividido, mas logo ali no início decide por apenas uma pessoa. Mas… E se ao invés de escolher no início, pudesse ter as duas? Isto é muito à frente eu sei, mas e porque não? Talvez eu um dia tenha inteligência emocional para o poder fazer claramente, sem pudores e sem preconceitos comigo mesma.
Até lá fico com apenas um, porque se já dá trabalho não esquecer de regar um relacionamento, quanto mais dois.

 
E por último, não por fim porque há tantos tipos de amor que poderia ficar horas aqui a escrever, mas não o vou fazer, há o amor próprio.

Aquele amor que às vezes só descobrimos perante adversidades, perante escolhas complexas e difíceis. O amor que te leva a escolher apenas um caminho, Tu. Se estás bem contigo próprio estarás bem em qualquer situação, sozinho ou acompanhado. Se estás bem contigo próprio não terás problemas em estares sozinho. Tens de aprender a gostar de ti para não te aborreceres contigo mesmo, passar tempo de qualidade sozinho, fazer coisas sozinho e ser feliz, porque no fim, se não gostares de ti, quem gostará?

 Até lá sejam felizes.